O que é a terapia floral?
O que é a terapia floral, prática terapêutica desenvolvida a partir das descobertas do Dr. Edward Bach?
A terapia floral é uma prática terapêutica que utiliza as essências florais visando a promoção e recuperação da saúde.
De acordo com documento do Ministério da Saúde:
A terapia de florais é uma prática complementar e não medicamentosa que, por meio dos vários sistemas de essências florais, modifica certos estados vibratórios auxiliando a equilibrar e harmonizar o indivíduo. O pioneiro das essências florais foi o médico inglês Edward Bach que, na década de 1930, inspirado nos trabalhos de Paracelso, Hahnemann e Steiner, adota a utilização terapêutica da energia essencial – energia sutil – de algumas flores silvestres que cresciam sem a interferência do ser humano, para o equilíbrio e harmonia da personalidade do indivíduo, reatando laços com a tradição alquímica de Paracelso e Hildegard Von Bingen, numa nova abordagem da saúde.
PORTARIA N° 702, DE 21 DE MARÇO DE 2018
Introdução
O Dr. Edward Bach, médico inglês que viveu no início do século XX, observou em sua prática clínica que os estados mental e emocional de seus pacientes representavam aspectos importantes na prevenção às doenças e no reestabelecimento da saúde. Esse foi o começo da história da terapia floral.
Desde então, ela ganhou espaço na saúde por estar alinhada com as novas condutas, que contemplam a transdisciplinaridade, bem como abordagens integrativas e complementares. Nesse enfoque, a atenção é humanizada e centrada na integralidade do indivíduo, que deve ser analisado nas suas dimensões físico, emocional e mental.
Em 1983, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio de seu consultor Dr. H. A. W. Forbes, deu um parecer positivo sobre as essências florais em seu livro Traditional Medicine and Health Care Coverage.
Segundo o Dr. H. A. W. Forbes, Consultor da OMS para assuntos relacionados à medicina tradicional:
“Os remédios florais parecem trabalhar segundo o mesmo princípio da homeopatia – eles transmitem um padrão de energia. Eu próprio, em minha prática médica tenho usado as essências florais de maneira crescente durante os últimos 17 anos…”
e complementa:
“Cada remédio floral trata uma determinada pessoa e uma condição particular. O uso de todos estes remédios (essências florais) está amplamente distribuído pelo mundo em uma pequena escala. Eles são excelentes para o autocuidado, sendo totalmente sem efeitos colaterais e não oferecem perigo caso um remédio errado seja indicado.”
Hoje, os florais de Bach estão presentes em mais de 80 países e são reconhecidos como um instrumento que promove a melhora na qualidade de vida. Eles estão inseridos no cotidiano de pessoas que buscam uma maneira natural de equilibrar suas emoções, bem como na prática clínica de profissionais da saúde que reconhecem a importância de se tratar o indivíduo de maneira integral.
A terapia floral no Brasil
Os florais chegaram no Brasil no final da década de 1980. E rapidamente se popularizaram, uma vez que se trata de um instrumento de cuidado e autocuidado simples, eficaz, de baixo custo e sem efeitos colaterais. Assim, a terapia floral nasceu a partir desse movimento.
Oficialmente, ela é uma prática integrativa e complementar na saúde. Além disso, inúmeros trabalhos sociais, a exemplo da Pastoral da Saúde, lançam mão dessa terapêutica. Há cursos de especialização sobre o tema em universidades, ao mesmo tempo em que ela faz parte da grade curricular de algumas profissões.
Em 2018, por meio da PORTARIA N° 702, DE 21 DE MARÇO DE 2018, o Ministério da Saúde alterou a Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir novas práticas na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – PNPIC. A terapia floral foi incluída nesse documento. Isso significa que o sistema de saúde pública pode ofertar a prática, ainda que esse processo demande uma caminhada para a estruturação e qualificação dessa prática nos diversos pontos da Rede de Atenção à Saúde (RAS).
A teoria
Essa terapêutica é fundamentada no trabalho de Dr. Edward Bach, médico inglês, que na década de 1930 percebeu a influência dos estados mentais e emocionais do indivíduo na qualidade da sua saúde física.
Uma das suas premissas é a participação ativa do indivíduo em seu processo de promoção e recuperação da saúde. Desse modo, ele é convidado a buscar em si mesmo aqueles sentimentos que podem estar causando o desequilíbrio e, consequentemente, as doenças. Desse modo, a terapia floral promove no indivíduo a responsabilidade pela sua saúde, por meio do autoconhecimento e do autodesenvolvimento.
Outro pilar que sustenta essa prática é a sua característica de tratar a pessoa e não a doença, a causa e não o efeito, o todo e não as partes. Dessa maneira, esse processo prioriza a promoção e a recuperação da saúde, contemplando o ser humano em todos os seus aspectos: físico, emocional e mental.
No capítulo 8 do seu livro Cura-te a Ti Mesmo, o Dr. Bach reforça a importância de se buscar remédios que possam curar as enfermidades no corpo físico, sem negligenciar o estado mental:
“O dever da arte de curar será o de nos ajudar a adquirir o conhecimento necessário e os meios através dos quais poderemos eliminar nossas enfermidades e, além disso, administrar remédios que fortalecerão nosso corpo físico e o mental, dando-nos maiores oportunidades de vitória.”
Portanto, os pilares que sustentam a terapia floral tratam do protagonismo do indivíduo em seu processo de cura e de uma abordagem integral do ser, que não descarta os desequilíbrios emocionais no cuidado dos indivíduos.
O histórico
O médico inglês Dr. Edward Bach foi também bacteriologista e patologista. Ele dedicou grande parte de sua carreira profissional à pesquisa. Logo no início de sua vida profissional, ele trabalhou no University College Hospital de 1915 a 1919.
No período de 1919 a 1922, ele atuou como bacteriologista no London Homeopathic Hospital. Foi quando ele conheceu a doutrina e os princípios de Hahnemann, o pai da Homeopatia, através do seu livro Organon da Arte de Curar. Em 1926, ele publicou com C.E. Wheeler o Cronic Disease. A Working Hypothesis.
Foi nesta época que ele desenvolveu os sete nosódios intestinais, que ainda hoje são utilizados e reconhecidos como nosódios de Bach. Também nesse momento da sua carreira, ele começou a separar os indivíduos por grupos de semelhança de comportamento como se sofressem do mesmo problema, independente da doença física que apresentavam.
Em sua busca para substituir os nosódios (medicamentos produzidos com material da própria doença) por essências de plantas, ele encontrou um novo método de preparo. Ele obteve excelentes resultados com estas essências. Por isso, em 1930, ele abandonou sua bem sucedida carreira de médico para buscar na natureza uma nova abordagem de cuidados.
De acordo com o Dr. Bach, ao equilibrar e a harmonizar os corpos emotivo e mental, o indivíduo se torna menos vulnerável às doenças físicas.
Em seu livro Cura-te a Ti Mesmo, que reúne a base teórica de seu trabalho, ele diz:
Aquilo que conhecemos como doença é o resultado final produzido no corpo, o produto final de forças profundas e de longa duração.
As bases teóricas que sustentam essa prática terapêutica*
A terapia floral possui uma abordagem salutogênica, ou seja, ela busca as razões que levam alguém a estar saudável e não uma explicação para o motivo da enfermidade. Por isso, ela propõe formas de estimular e preservar a saúde, sendo capaz de proporcionar um estado de harmonia e bem-estar com o meio social, familiar e consigo mesmo.
Os florais utilizados nesta terapêutica são preparados naturais que trazem registrados em seu conteúdo uma ou mais informações das plantas. Ao entrar em contato com o indivíduo, essas essências atuam agindo como catalisadores de processos de transformação.
Diferente de medicamentos alopáticos, os florais são não carregam quimicamente a água. Por isto, seu uso é seguro.
A profissão de terapeuta floral
A profissão de terapeuta floral é uma prática integrativa e complementar em saúde humana, recebendo o Código CNAE 8690-9/01 da CONCLA – Comissão Nacional de Classificação.
Todos os profissionais da saúde que possuem formação específica em terapia floral também podem exercer a terapia floral, uma vez que ela tem um caráter multidisciplinar.
Alguns conselhos federais validaram essa prática terapêutica aos profissionais da categoria. Entre eles, o de Enfermagem (em 1997), Odontologia (em 2008), o de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (em 2010) e o de Farmácia (em 2015).
Diagnóstico, tratamento e indicações
A princípio, a terapia floral acontece a partir da escuta e da observação que o profissional faz durante o processo terapêutico.
Tomando como referência o que foi relatado, o terapeuta prepara uma indicação com as essências necessárias.
Uma observação importante é que os florais endereçam problemas emocionais e mentais. Eles não tratam sintomas físicos.
Por ser uma prática integrativa e complementar, a terapia floral colabora com o tratamento convencional, à medida que equilibra emocionalmente o indivíduo.
Assim, sentimentos como ansiedade, medo, tristeza, angústia, apatia, raiva, bem como mágoa, insegurança e baixa autoestima são tratados com essências florais específicas. Elas despertarão as virtudes necessárias ao restabelecimento da saúde integral.
Por fim, os florais podem ser administrados oralmente, em cremes e loções, na água do banho ou ainda borrifados no ambiente. Independente do meio utilizado, os florais podem ser diluídos a partir do frasco de estoque, sendo que apenas duas gotas de cada essência indicada serão necessárias na preparação dos frascos de tratamento.
Há pesquisas na área?
Sim, há pesquisas com os florais e elas vêm crescendo nos últimos anos e mostrando resultados positivos no seu uso.
Abaixo, alguns estudos realizados com as essências florais, que comprovam sua eficácia:
Vivência de mulheres em trabalho de parto com o uso das essências florais
Este estudo, publicado em janeiro de 2020, descreve a vivência de mulheres submetidas ao uso de essências florais como terapia não farmacológica para o alívio da dor e ansiedade durante o trabalho de parto.
Ele foi realizado com 30 parturientes, em um centro de parto normal público, intra-hospitalar da cidade de São Paulo e mostrou os efeitos positivos da terapia floral na redução dos sintomas de estresse-medo-tensão, bem como o aumento do bem-estar emocional proporcionando às parturientes a oportunidade de protagonizar o seu próprio trabalho de parto.
Avaliando o efeito das essências florais nos traumas e medos em crianças que vivem em situação de pobreza.
Essa pesquisa, realizada em 2016 para avaliar o efeito das essências florais nos traumas e medos em crianças que vivem em situação de pobreza, mostrou que houve indícios de melhor elaboração dos medos e traumas vivenciados em comparação ao grupo placebo, sugerindo que o uso desta terapia pode ajudar a reduzir as sequelas que estas emoções produzem no comportamento humano.
Terapias complementares em pessoas vivendo com HIV/Aids: a enfermagem no auxílio à adesão ao tratamento.
Iniciada em de março de 2013, essa pesquisa contou com a participação de docentes e discentes da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Entre os objetivos do estudo, estavam:
- A implementação da consulta em terapia floral e reiki num ambulatório dedicado às pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA);
- Contribuir para a melhoria da adesão de PVHA ao plano terapêutico e
- Criar e organizar banco de dados sobre terapias florais, Reiki e pessoas vivendo com HIV/Aids atendidas.
O estudo mostrou a expressiva melhora na qualidade de vida das PVHA após o início das terapias propostas. Antes de iniciar as terapias, os pacientes apresentavam piores resultados em relação às questões físicas e emocionais. Em todos os questionários analisados, observou-se expressiva melhora em relação à percepção de si mesmo, inclusão no processo de cuidar, participação no tratamento, sentimento de aceitação, vontade de viver e de aperfeiçoar suas condições de vida.
Efeito das essências florais em indivíduos ansiosos.
Realizado em 2012, esse estudo teve como objetivo investigar os efeitos dos florais Impatiens , Cherry Plum, White Chestnut e Beech em pessoas ansiosas. Observou-se que o grupo que fez uso das essências florais teve uma diminuição maior e estatisticamente significativa no nível de ansiedade em comparação ao grupo placebo e concluiu que as essências florais tiveram efeito positivo na diminuição da ansiedade;
Concluindo…
Em síntese: a terapia floral, presente em nosso país há mais de 30 anos, vem conquistando reconhecimento por estar alinhada a uma nova abordagem de cuidados, que contempla o ser humano de maneira integral, ao considerar seus aspectos físico, mental e emocional.
As essências florais utilizadas na terapia floral não substituem o tratamento médico. Elas o complementam e, muitas vezes, os profissionais da saúde combinam o seu uso com outras abordagens terapêuticas. Além disso, elas apresentam segurança em seu uso, pois não são invasivas, não oferecem riscos à saúde e não provocam efeitos colaterais.
Ao lançar um olhar profundo para as questões emocionais, essa prática terapêutica representa um poderoso aliado nas intervenções que visam a promoção e recuperação da saúde e contribui na garantia da integralidade na atenção em saúde.