Ansiedade na medida certa

Por que nos sentimos ansiosos e como os florais de Bach podem nos ajudar a lidar com a ansiedade, de maneira que esse sentimento não passe a dominar o nosso comportamento?

Conforme vamos alimentando vontades, alimentamos também a ansiedade. Na dose adequada, tudo bem! Mas quando extrapola, traz sofrimento. Nesse momento, a ajuda de um terapeuta e dos florais é muito eficaz para garantir o equilíbrio mental e emocional

Desejar faz parte da natureza do ser humano. Deseja-se amar e ser amado, ter novos relacionamentos, experiências, mais dinheiro, conforto, segurança, conhecimento, sabedoria, diversão…

A lista dos “quereres” é interminável e, para muitas pessoas, funciona como combustível para viver. Mas para lidar com os desejos de forma saudável, é preciso também aprender a lidar com algo inseparável deles: a ansiedade.

“A ansiedade pode ser definida como um temor em relação ao que desejamos ou um desejo em relação ao que tememos. Podemos, por exemplo, desejar ir a uma festa, mas tememos o que pode acontecer lá”, explica o psicanalista Julio Cesar Nascimento, de São Paulo.

De acordo com Nascimento, todas as vezes que se está diante de algo que se quer muito, é natural sentir uma certa quantidade de ansiedade sobre o próprio desempenho. “Uma dose ótima de ansiedade pode habilitar o sujeito a descobrir um comportamento mais criativo diante da situação que causa a ansiedade. Porém se torna patológica quando inibe a resposta criativa, paralisa ou quando é deslocada para alimentar sintomas, como a somatização, a transferência da dor psíquica para o corpo somático, causando dores físicas e doenças”, explica o psicanalista.

“Quando se percebe também um comportamento apressado que repetitivamente é desastroso, está na hora de buscar a ajuda de um terapeuta”, avisa ele. Esse tipo de comportamento ocorre porque a ansiedade faz tudo parecer urgente, pede respostas e resoluções rápidas, o que acaba por incapacitar a ação. “Ao tentar entrar nesse ritmo acelerado, não temos maestria ou excelência”,

avisa Nascimento.

A tomada de consciência

A jornalista Lizandra Magon de Almeida diz que já foi muito ansiosa e, com isso, ficava desesperada para resolver suas tarefas, não conseguindo ter a serenidade necessária para realmente parar e fazer o que precisava ser feito. “Estava perdida, começava várias coisas e não terminava nenhuma. Sentia-me mal com isso, o que criava um círculo vicioso do qual era difícil de me libertar. Perdia o sono, tinha taquicardia ou falava sem parar”, relembra.

Por indicação da sua terapeuta, Lizandra foi buscar a ajuda da terapeuta floral Ana Roxo, de Sorocaba, interior de São Paulo.

“Desde o início do tratamento com florais, já senti a diferença. Não significa que eu não sinta mais nenhuma ansiedade. O que mudou realmente foi minha postura em relação a ela: consigo identificá-la, respirar e controlá-la. Ou seja, é um aspecto meu que conheço e administro. Não tenho mais taquicardia nem nenhum sintoma físico, mas às vezes perco o sono”,

explica a jornalista.

Porém, no caso da ansiedade patológica, o sujeito é arrastado por ela, não consegue administrá-la, fica navegando nas suas águas turbulentas. Isso sinaliza que existe algo por trás da ansiedade que precisa ser olhado, ou seja, a causa real, que muitas vezes está inconsciente.

“Fazer o vestibular, por exemplo, é bastante desafiador e passível, portanto, de proporcionar um bom nível de ansiedade. Para uma pessoa que sofre de baixa autoestima, pode se apresentar ainda mais potente”,

explica Ana Roxo.

Na terapia ou análise, essas questões são olhadas com atenção, o que faz com que, gradativamente, a ansiedade, que era uma consequência desses fatores, vá diminuindo. “Basicamente, boa parte do que constitui o conteúdo da nossa psique na vida adulta vem dos acontecimentos na infância. Se uma criança tem pais, ou um deles, muito severos, que cobram constantemente uma postura específica dela, é possível que cresça desenvolvendo uma certeza de que por mais que faça e se esforce, nunca estará à altura do que os pais esperam”, explica a terapeuta floral. No seu inconsciente pode ficar registrado algo como: “Você não é boa o suficiente”.

Ana explica que, na fase adulta, racionalmente ela saberá das suas capacidades, mas a execução sairá falha ou muito menor do que é capaz, gerando ansiedade.

“Isso pode acontecer porque provavelmente a figura de autoridade dos pais está sendo projetada nos gestores e, por gatilho inconsciente, ela resgata a sensação de não estar à altura da tarefa exigida, aquela mesma lá da infância. Uma outra projeção possível é que, mesmo que o chefe elogie o seu trabalho e ela cresça profissionalmente, fará um esforço muito maior do que o necessário para a tarefa, porque nunca acha o seu trabalho suficientemente bom.”

Aprendendo a viver com calma

O psicanalista Nascimento sugere que, ao sentir a ansiedade, se faça um exercício de respirar fundo e se perguntar o que estava acontecendo minutos antes de a ansiedade surgir, qual é o simbolismo da cena que despertou a ansiedade, o que a situação lhe traz.

“É comum acreditarmos que estamos ansiosos por causa de uma situação específica, mas na maioria das vezes essa situação é uma cena repetitiva, que nos incomoda, nos deixa ansiosos há muitos anos, frequentemente desde a nossa infância. Quando adquirimos uma compreensão interna profunda de que esse roteiro está sendo repetido, se torna mais fácil descobrir ou inventar soluções criativas para lidar melhor com os conflitos atuais, adotando uma nova postura diante da situação aflitiva, diminuindo com isso a ansiedade”, ensina.

Como existe um grande número de essências florais específicas para o tratamento das mais diversas emoções, elas são de grande valia tanto para manter a calma e fazer o exercício proposto por Nascimento quanto para identificar o padrão de comportamento repetitivo.

No caso da jornalista Lizandra, a terapia floral utilizada como complemento ao trabalho que ela já estava fazendo com sua terapeuta a ajudou a caminhar mais rápido no seu processo de equilíbrio mental e emocional.

“Quando minha terapeuta me indicou os florais, eu já fazia as sessões terapêuticas com ela havia um bom tempo. Mas ela me disse que eles poderiam me ajudar a acelerar o tratamento da ansiedade. Com os florais, passei a ter compreensões mais profundas, que realmente me ajudam a me conhecer melhor”,

constata.

Acalme-se e escolha o seu floral

A terapeuta floral Ana Roxo indica alguns dos florais de Bach para o tratamento da ansiedade:

Impatiens atua sobre o clássico comportamento da pessoa ansiosa que tem a atenção voltada para o futuro. Ao fazer isso, ela perde a experiência do agora, aprende menos, pode errar mais e atropela o tempo de aprendizado do outro, podendo se tornar irritável e intolerante. Com Impatiens, aprende-se a permanecer e aproveitar o momento presente, aceitando e lidando com o ritmo dos acontecimentos.

Agrimony trabalha com as emoções associadas à ansiedade que podem surgir por outras questões, como a dificuldade em lidar e entrar em contato com os próprios problemas e angústias. É um perfil de pessoa que prefere estar em festas e em grupos, com uma aparente personalidade alegre, popular e festiva. Mas interiormente está cheia de angústia e ansiedade. Agrimony ajuda nesse contato com o mundo interior.

Mimulus cuida do medo e da vergonha, que também desencadeiam a ansiedade, pois quem sente essas emoções vive em estado de atenção constante para evitar aquilo do qual tem medo. Mimulus traz coragem para lidar com os desafios e acreditar no bom andamento e desfecho dos acontecimentos.

White Chestnut é útil para acalmar a mente acelerada, repleta de pensamentos. Esse floral ajuda a recuperar a tranquilidade mental, desarticulando o revolver de pensamentos incessantes.

Five Flower, o composto emergencial criado pelo Dr. Bach, costumo colocar na primeira fórmula dos ansiosos, e a partir da segunda costumo retirá-lo, já que ele é um emergencial. Só quando preciso potencializar uma fórmula volto a colocá-lo novamente. Mas não o utilizo num processo terapêutico.

Viva o momento presente!

Hans Keeling trabalha como tradutor de Eckhart Tolle, autor do best-seller O Poder do Agora (Ed. Sextante). Neste bate-papo, ele fala a respeito de alguns dos principais ensinamentos do guru sobre como se desconectar do fluxo mental que causa ansiedade.

Por que focar a atenção no momento presente é tão importante?
Porque esse é o único espaço em que a nossa vida se desdobra. Tudo sempre acontece no momento presente. A única coisa que normalmente não vive no momento presente é a mente. Ela gosta de passar o tempo lembrando do passado ou antecipando o futuro, que muitas vezes gera emoções como medo, alegria, saudade, culpa, amor, raiva, ansiedade…

Como se manter no momento presente?
Há várias maneiras, como usar os cinco sentidos para se ancorar no instante – olhando, ouvindo, sentido o sabor, o cheiro, tocando. Também pode se concentrar na própria respiração ou no que está fazendo, no processo, sem ficar apegado ao resultado. Sentir as partes do corpo e não pensar sobre elas. Mas sentir a energia das mãos, pés, nariz… E sentir também as emoções. Mas há algo ainda mais importante.

O que é?
Ser o observador da própria mente, do fluxo de pensamentos positivos e negativos e das emoções geradas por eles. Com essa prática, uma nova dimensão de consciência surge seguida por um encontro com a paz interior. Sabemos, então, que somos muito mais do que apenas os nossos pensamentos.

Ilustração: Sandra Javera
Contatos: Ana Roxo – www.anaroxo.com.br
Hans Keeling – www.illumina.org
Julio Cesar Nascimento – Tel: (11) 99404-1570

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