Adolescência na pós-pandemia e as flores do Dr. Bach – Gestando o hoje e o amanhã
A pandemia de covid-19 chegou há mais de 2 anos e virou o mundo do avesso. Durante todo esse tempo mudanças inenarráveis aconteceram na vida de todo ser humano, sem distinção de idade ou sexo, credo ou cor.
O novo contexto mostrou a importância da INTELIGÊNCIA EMOCIONAL no enfrentamento dos vários e variados desafios que a vida nos apresenta constantemente.
E nesse mar tumultuado que atravessamos, os ADOLESCENTES são os mais necessitados de orientação, pois passam por situações que, muitas vezes, sua INTELIGÊNCIA EMOCIONAL ainda não sabe trabalhar: têm sua primeira relação sexual (sem o uso de preservativo, o que pode resultar em uma gravidez não planejada), sofrem os mais diversos tipos de “bullying”, recebem ofertas e convites que não são os melhores para uma vida digna, passam por crises de ansiedade, de pânico e de solidão, chegando a um estado de profunda depressão.
Falando sobre a ADOLESCÊNCIA, entendemos esse período da vida humana como um “rito de passagem”, quando o indivíduo sai da infância para chegar à idade adulta. Recebendo constantes e diferentes exigências sociais que o levam à construção de novas visões e posturas em relação ao entorno em que gravita, sofre transformações profundas e significativas em sua visão de mundo.
COMO AJUDÁ-LOS NESSES MOMENTOS DE DIFÍCEIS DECISÕES?
COMECEMOS PELA DEFINIÇÃO DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL.
Segundo Daniel Goleman, autor do estudo, “é a consciência de nossos sentimentos no momento exato em que eles ocorrem”.
Complementando, podemos dizer que é o talento (entenda-se – capacidade) de entender, controlar, sentir e modificar os próprios estados da nossa alma a fim de melhorar as formas de ver e viver a vida, construindo relações sociais mais saudáveis, atitudes essas, quando assimiladas, transformam-se em uma habilidade imprescindível na vida física, mental, emocional e espiritual de todo ser humano.
Nesse período de confinamento obrigatório que o mundo passa, como reagiu esse adolescente para quem muita coisa foi proibida? Se ele teve em casa o respaldo de seus pais e familiares com uma educação de base sólida e afetuosa, sofrerá menos as imposições da solidão a que foi submetido independente de sua vontade.
Não temos uma receita pronta para passar aos pais como criar e tratar seus filhos, mas queremos levar-lhes informações de como minorar o sofrimento de seus adolescentes nesse período.
Dr. Edward Bach, o criador do sistema de cura com as flores, no Capítulo 5 de seu livro “La curación por las Flores” (Cura-te a Ti Mesmo) tradução livre da autora deste artigo, expõe sua magnífica forma de ver como deve ser educado o ser humano.
…”Desde o início de sua educação os pais e mestres devem proporcionar à crianças a prática da independência, individualidade e liberdade, estimulando-as a pensar, raciocinar e agir por si mesmas.” Dr. Bach afirma que a falta de individualidade (permissão da interferência de terceiros em nossa vontade) se inicia cedo nas relações entre pais e filhos e pode gerar doenças.
…”Todo controle dos pais deve ir se reduzindo gradativamente conforme a criança desenvolve sua capacidade de agir por si mesmas. Não deverá essa criança ser educada sob nenhuma imposição ou falsa ideia de dever filial. Esses sentimentos poderão se transformar em obstáculos aos ditados da sua alma, o que não é bom para seu pleno desenvolvimento.”
…”Qualquer pessoa sobre a qual podemos impor nossa vontade, controle ou poder, é um perigo para nossa liberdade. Não importa se nossa influência é devida ao amor, ao poder, ao medo ou ao que quer que seja. Nossas almas devem agradecer a todos aqueles que se recusam serem nossos servos, uma vez que a servidão rouba deles e de nós a nossa individualidade”, diz ele.
Diz ele ainda… “esse ofício é temporal e que a verdadeira educação consiste em ensinar aos filhos serem livres e independentes. E quando perceber que eles já podem caminhar sozinhos é preciso deixá-los ir, sem traumas ou cuidados exagerados. Se a orientação foi adequada, eles não se perderão nos caminhos que tiverem que percorrer sozinhos.”
…”Em quase todas as famílias, pais e filhos se aprisionam, cada um em sua cela, por motivos completamente errôneos e por uma equivocada relação entre eles. Essas prisões põem barras à liberdade, impedem a vida, põem obstáculos no desenvolvimento natural, trazem infelicidade a todos os implicados e provocam desordens mentais, nervosas e inclusive físicas que afligem as pessoas, produzindo a grande maioria das enfermidades de nossos dias”.
Relembra aos pais que, apesar do divino de sua missão, não lhes é dado restringir com imposições o desenvolvimento livre de seus filhos. É impossível estimar na atual civilização o sofrimento calado, a restrição das naturezas e o desenvolvimento de personalidades dominantes que produz o desconhecimento deste feito.
Tendo em vista o acima descrito, como agir frente aos nossos filhos? Quais procedimentos são mais salutares? Elencaremos algumas atitudes que poderão auxiliá-los nessa gratificante missão de educar e que poderão ou não ser usadas para fortalecer seus vínculos parentais. A escolha é de cada um. Só relembramos que neste caso, o processo é de mão dupla.
1- Quando conversar com seu filho, ouça mais do que fala, não o recrimine, o repreenda ou censure. Dessa forma, quando ele precisar de você, com certeza pedirá ajuda, mas você precisa dar a ele a certeza do acolhimento na necessidade.
2- Respeite-o sempre, como você gosta de ser respeitado também. Caso ele não queira fazer o que você quer que ele faça, questione-o tranquila e sem imposições, sobre o porquê ele não quer fazer o que lhe foi proposto, mas procure entender seu ponto de vista. Leve-o a pensar sobre o que conversaram, aumentando sua capacidade de discernir. Deixe-o descobrir por si mesmo. Uma das grandes conquistas nessa fase da vida é aprender a defender seus valores sem entrar em confronto com aqueles que diferem deles, sem usar da agressividade inapropriada.
3- Limites são imperiosos em uma boa educação e devem ser elaborados desde a mais tenra idade. Tanto os pais quanto os filhos não podem fazer o que quiserem, na hora que quiserem e quando quiserem. Construir limites saudáveis é o mais importante na formação de homens e mulheres de bem.
4- Ressalte a importância de suas escolhas, pois somente ele será o responsável pelo que resultar delas. Se tiver que fazer alguma crítica ela não deve ser dirigida nunca à pessoa, mas ao comportamento que gerou a ação. Reforce a possibilidade de superação de erros e imperfeições, uma vez que problemas existem, conflitos surgirão e ao reforçar sua Inteligência Emocional, poderá encará-los e resolvê-los mais tranquilamente.
5- Muitas vezes os pais não estão inteirados de assuntos discutidos pelos jovens. Preparem-se para falar com eles atualizando-se em suas modernidades, pois eles precisam orgulhar-se de pais que estão “antenados”. E será importante saber que seus pais “importam-se” com seus “saberes”. E assim, quando vocês forem questionados, saberão discutir de “igual para igual”.
6- Caso ele o procure para um “papo cabeça” como: “Pai, o que o senhor me diz sobre transar sem camisinha?”. Sua resposta será bem clara: “Por que meu filho?”… e aí a conversa vai rolar de igual para igual… e você mostrará para ele porque deve-se usar camisinha em uma relação sexual. Diga-lhe que a transmissão de doenças venéreas pode acontecer, HIV também. E pergunte-lhe: “Se sua namorada engravidar, como vocês cuidarão da educação desse filho?” Esse é um papo cabeça!
7- O medo existe e é preciso que o adolescente entenda a necessidade de enfrentá-lo quando tiver que tomar decisões, grandes ou pequenas. A autoestima é elemento importante neste fator. Entenda-se por AUTOESTIMA: “O SENTIMENTO QUE NOS LEVA A ACREDITAR EM NOSSO PRÓPRIO VALOR, TENDO A CERTEZA DE QUE PODEMOS FAZER AS COISAS ACONTECEREM, DIFERENCIANDO SAUDAVELMENTE NOSSAS VIRTUDES E IMPERFEIÇÕES.”
8- Muito importante trabalhar junto com seu filho adolescente um PROJETO DE VIDA, respeitando suas escolhas e elucidando cada uma:
- Torne-o VISÍVEL, isto é, dê-lhe a sensação de ser visto, entendido, amado e que é parte importante na família.
- Leve-o a acreditar na possibilidade de vencer obstáculos que porventura dificultem a resolução de metas estabelecidas.
- Auxilie-o a gestar o momento que está vivendo, o hoje e o amanhã.
9- Mostre a ele quais são os valores humanos essenciais – amor, benevolência, indulgência, devotamento, caridade, empatia, respeito, humildade, religiosidade – para a formação do homem de bem, útil a si mesmo e à sociedade a que pertence, quando o coletivo é mais importante que o individual.
10 – Não se esqueça de encaminhá-lo a um profissional especializado se isso se fizer necessário. Como estamos falando de uma terapia usada no mundo todo com sucesso, gostaríamos de deixar a quem quiser fazer uso dela, uma recomendação FLORAL DO DR. BACH para nossos tão amados ADOLESCENTES.
Muitas vezes nos sentimos indecisos na recomendação a ser feita para aquele adolescente que nos observa com olhos tão necessitados de ajuda. Listarei algumas essências que comumente uso quando os atendo. Cada terapeuta escolherá de acordo com a FLOR TIPO e com a história de seu paciente/cliente o “buquê” que mais lhe convier.
CERATO – Ajuda aos que se sentem inseguros e buscam uma confirmação por parte dos outros para reafirmar seu pensamento de que “servem para alguma coisa”. Crer com maior força em suas próprias convicções de modo que não tenham que apoiar-se no que os outros fazem e pensam, mas que sejam independentes e confiem em que seu juízo é correto.
CENTAURY – Não se deixar influenciar pelos outros, impondo seus limites e dizendo “não” sem sentir culpa.
LARCH – Para fortalecer a autoestima e acreditar que podem “fazer as coisas acontecerem”, restaurando-lhe a autoconfiança e acreditando que suas “tentativas” podem ter êxito.
MIMULUS – Para poder enfrentar os desafios sem pensar nas avaliações dos outros. Reforça LARCH, tirando o medo de não ser aceito, diminuindo a timidez frente ao seu entorno. Sempre uso as duas essências juntas.
CRAB APPLE – Pela excessiva preocupação por sua imagem física e de como será visto “pelos outros”. Ajuda a cada um a aceitar-se como verdadeiramente e.
VERVAIN – Pela sobrecarga emocional que esse período de vida traz, arrefecendo a “inflamação” natural de ânimos, o que muitas vezes pode gerar desavenças no grupo a que pertence, seja ele familiar, de amigos, social. Restabelece o equilíbrio se a situação causar tensão, frustração ou desassossego.
HOLLY – Pelas emoções e sentimentos “quentes” que vicejam em sua vida. Ajuda a transformar os sentimentos coléricos de ódio em algo menos agressivo e mais doce, trazendo o amor de volta a essa alma necessitada. Pode-se também dar junto ou substituir por WILLOW para ajudar aqueles cuja ira se interiorizou, formando um profundo rancor e um sentido de amargura persistente. Cada terapeuta estudará seu atendido e escolherá a essência que mais convier para o momento.
SCLERANTHUS – Para equilibrar a instabilidade emocional que ele apresenta ao ter que escolher e decidir, assumir uma identidade estabilizando seus pensamentos e saber a que lugar pertence verdadeiramente.
WALNUT – Adaptação ao câmbio, às mudanças da vida, às influências externas, sendo capaz de seguir sua própria vocação e progredir segundo sua vontade, livre da interferência de outros.
BEECH – Pela intolerância crítica para com os pais, colegas de grupo, coisas que acontecem ao seu redor. Normalmente são portadores de baixa autoestima. (LARCH?)
GORSE – Para não perder a esperança e fugir dos pensamentos pessimistas de que “nada vai funcionar comigo”. Sempre dou junto com GENTIAN para proporcionar ânimo para acreditar e continuar buscando.
PARA FINALIZAR, DEVEMOS SEMPRE RECORDAR QUE OS ADOLESCENTES SÃO O CELEIRO DO AMANHÃ!
NA MAIORIAS DAS VEZES PRECISAM DE NOSSO AJUDA PARA SABER GESTAR O MOMENTO E O HOJE PARA FAZÊ-LOS MELHOR AMANHÃ.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BACH, Edward. La curación por las Flores. 1ª edição. Madrid, Espanha: EDAF, 2011.
HOWARD, JUDY. Los remedios florales del Dr. Bach para niños: Guía de uso para los trastornos de la infancia y la adolescencia. 12ª edição. Madrid, Espanha: EDAF, 2009.