A simplicidade da terapia floral

O inglês Stefan Ball é um dos poucos integrantes do grupo que cuida do Bach Centre, na Inglaterra, lugar onde o Dr. Bach viveu, trabalhou e atendeu pacientes à procura dos remédios florais.

Abaixo, ele fala, entre outros assuntos, sobre as principais funções do Centro hoje e os últimos desejos de Bach, antes da sua morte, com relação ao legado que ele deixava ao mundo.

Stefan Ball, responsável pelas políticas educacionais e de certificação do Bach Centre, na Inglaterra, onde trabalha desde 1996, e autor do livro The Bach Remedies Workbook: A Study Course in the Bach Flower Remedies.

O que é o Bach Centre?

Um centro de visitação aberto ao público que permite conhecer onde o Dr. Bach viveu e ver, no jardim, as plantas usadas na preparação dos florais. É também um centro educacional que oferece e endossa cursos sobre o sistema floral do Dr. Bach e licencia instrutores que passam por treinamentos em diversos países. Além de sermos um órgão de certificação com quase 3 mil terapeutas registrados, de cerca de 60 países.

Quando o Bach Centre foi criado?

As raízes do Centro remontam a 1934, quando o Dr. Bach se mudou para essa casa (Mont Vermont), que fica em Sotwell, um vilarejo no vale do Rio Tâmisa. Depois que ele deixou Londres em 1930, passou quatro anos viajando, procurando por plantas e novos florais. Ele geralmente costumava concentrar suas buscas em torno do vale do Rio Tâmisa – a assistente dele, Nora Weeks, dizia que ele gostava de ficar perto da água. Porém, era difícil encontrá-lo, principalmente durante a primavera e o verão, e as pessoas que queriam experimentar seus novos florais nem sempre o achavam. Então ele teve a ideia de montar um centro para os seus trabalhos e de atendimento a quem procurava por ajuda.

Quando o Dr. Bach vivia e trabalhava nesse local, ele produzia os florais. Hoje, o Bach Centre continua produzindo florais?

Produzimos por bastante tempo, entre as décadas de 1940 e 1970. Mas em 1993 vendemos a parte de preparação de florais para a Nelsons (um laboratório homeopático). Embora tenhamos continuado a preparar as tinturas-mãe durante um tempo e fornecê-las para a Nelsons, nos últimos dez ou 12 anos já não fazemos mais isso. O jardim do Centro ainda é funcional porque a Nelsons tem permissão para usar as plantas que estão ali, e o responsável pela preparação das essências mora por perto e prepara os florais no jardim. Mas o único momento em que nós mesmos preparamos os florais é quando mostramos às pessoas como isso é feito. O nosso foco agora recai muito mais em falar sobre os desejos do Dr. Bach para o sistema e em fazer o nosso melhor para realizá-los.

E quais são esses desejos?

Quando Bach morreu, em 1936, ele deixou seu trabalho nas mãos de seus assistentes e lhes disse como ele queria que sua obra fosse continuada. As instruções, diretas e objetivas, expunham o seu desejo de manter o sistema simples, do jeito que ele o deixou, e ajudar as pessoas a usarem os florais por conta própria. E essas instruções são nossa tarefa e missão. Tentamos não teorizar demais as coisas, tendo em mente a famosa citação de Bach, de que não são necessárias ciência ou teoria. Os cursos que oferecemos e aprovamos enfatizam a simplicidade e o nosso modelo de prática profissional procura reforçar a ideia de que a missão de um terapeuta é ensinar o autoconhecimento.

Quais são os maiores enganos cometidos com relação aos florais?

Acho que confundir sintomas físicos com as indicações de floral. Em parte, isso é culpa do Dr. Bach, porque na obra Cura-Te a Ti Mesmo e em outros escritos da mesma época ele sugere que pode haver algumas ligações entre certas emoções negativas em particular e determinados problemas físicos. O que as pessoas esquecem às vezes é que Bach aprendeu sobre os florais com a prática, e ele descobriu, na verdade, que seus assistentes – que não eram médicos e não levavam em conta os sintomas físicos – alcançaram resultados melhores. Somos muito claros ao dizer que o melhor jeito de usar os florais é ignorando questões físicas e pensando apenas nas emoções.

E os maiores acertos?

Sempre pensei que, no final, usar o sistema do Dr. Bach é um processo de autodescoberta. Quando as pessoas fazem os cursos, elas aprendem mais sobre os florais, mas também aprendem mais sobre si mesmas. Além disso, se sentem mais conectadas à natureza, principalmente quando estão preparando um floral.

Na sua opinião, quais são as sabedorias mais importantes que o Dr. Bach deixou para nós?

A ideia da simplicidade. No fim da sua vida, ele percebeu que a simplicidade do sistema era a sua característica mais importante, porque deixa os florais ao alcance de qualquer pessoa. Todos nós temos a chance de sermos curadores. Essa é uma ideia incrivelmente poderosa, porque tira a “cura” das mãos de “pessoas especiais” e profissionais e a coloca nas mãos de todos.

Existe na Inglaterra a profissão de terapeuta floral? Como é a formação desse profissional?

Sim, e os terapeutas podem trabalhar com mais facilidade no Reino Unido do que em muitos países. Com relação à formação dos profissionais, há alguns anos nos unimos a outro centro de certificação de terapeutas florais no Reino Unido, a Associação Britânica de Florais e Essências Vibracionais (BFVEA), e acordamos alguns padrões comuns que se aplicariam aos membros deles e aos nossos, como o que diz que o profissional deve passar por 110 horas de treinamento em diversas áreas, incluindo obviamente conhecer os sistemas florais com os quais eles trabalham, o atendimento terapêutico… Esses padrões foram, então, elaborados e adotados pela Confederação dos Profissionais de Florais Registrados (Corep), que é um órgão administrado conjuntamente pela BFVEA e pelo Bach Centre.

O Brasil pode ser considerado um dos principais mercados de florais?

Sim. O Brasil e a Argentina provavelmente são os países da América do Sul em que os florais são mais conhecidos. Na Europa, são a França, a Itália e a Alemanha – e o Reino Unido, claro!

Texto: Keila Bis

Ilustração: Sandra Javera

Contato: www.bachcentre.com/pt

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