A Terapia Floral em Cabrália

Um movimento que vem se consolidando e fazendo bem para a alma.

Terapia floral chega a Calábria

“A força não provém da capacidade física. Provém de uma vontade indomável.”

Essa frase de Mahatma Gandhi resume a história da terapia floral no município de Cabrália, cidade de aproximadamente 29.000 habitantes que fica ao sul do estado da Bahia. Num movimento liderado por Lizete de Paula, uma das precursoras da terapia floral no Brasil e referência no assunto, o legado do Dr. Bach vem se instalando nessa cidade e aliviando as dores da alma de sua população.

Como foi a chegada da Terapia Floral em Cabrália?

Eu cheguei em Cabrália em 2021 e logo percebi que as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) estavam bem inseridas na Secretaria de Saúde, mesmo o Município não tendo o Programa das PICS, ligado ao SUS. Depois de alguns meses, o coordenador dessa área solicitou que eu desse uma palestra sobre os florais num encontro da Secretaria da Saúde. Ao entenderem os benefícios dessa prática, houve interesse em oferecer a Terapia Floral nos programas de atendimentos voluntários dessa Secretaria, que atende aos munícipes, através do SUS.

Achei a ideia ótima e depois de alguns atendimentos, eu propus ministrar voluntariamente o curso social de florais de Bach da Healing para aqueles que quisessem realizar os atendimentos em terapia floral no sistema de saúde do município.

A formação foi dada a oito pessoas: cinco da área da saúde, uma ligada à educação, uma que atua numa ONG que trabalha com crianças carentes, além de duas pessoas da comunidade.

Uma turma animadíssima e que abraçou o conhecimento com muito entusiasmo. Além das 60 horas do curso, fizemos mais 20 horas de prática. Assim, os alunos podiam se aprofundar na dinâmica do atendimento e da escolha das essências.

Formatura do curso de florais de Bach: o início da terapia floral em Cabrália

As pessoas começaram a se interessar e a procurar pelos florais. Mas, só podíamos contar com o meu kit de florais.

E quais os desdobramentos dessa iniciativa?

O curso terminou em fevereiro de 2023. Em abril, Cabrália, assim como outras regiões do Brasil, sofreu imensamente com as chuvas. A cidade ficou embaixo d’água, houve desmoronamentos de morros, casas alagadas, onde as pessoas perderam tudo e passaram por momentos de muita angústia e estresse.

Nesse momento, a Secretaria da Saúde, que conta com pessoas muito amorosas e dedicadas, se articulou na busca por ações que aliviassem o sofrimento.

E eu resolvi acionar o SOS Florais para solicitar auxílio, que por meio da sua presidente, Célia Gouvea , mobilizou os distribuidores, produtores e as associações de terapeutas florais.

E o que é o SOS Florais?

É um programa criado pela Associação de Terapeutas Florais do Rio de Janeiro. Ele acabou sendo abraçado pelo CONAFLOR, o Conselho Nacional dos Terapeutas Florais. O programa nasceu em 2011 a partir das chuvas terríveis que aconteceram na serra fluminense. Na época, os terapeutas florais fizeram um trabalho de apoio às comunidades devastadas pelo evento. A Rioflor entrou em contato com os pesquisadores e distribuidores dos florais, que doaram um grande volume de essências. As farmácias, por sua vez, doaram frascos e as associações enviaram dinheiro para auxiliar os trabalhos. Desde sua criação, o programa já ajudou muita gente e é acionado sempre que ocorrem situações traumáticas, como a pandemia do COVID-19, o incêndio na Boate Kiss, as tragédias de Mariana e Brumadinho ou as enchentes no sul do Brasil.

Ao acionar o SOS Florais solicitando ajuda a Cabrália, recebemos uma grande quantidade de essências de diferentes sistemas, bem como recursos financeiros para comprar insumos e poder oferecer os florais gratuitamente à população.

Onde esses atendimentos eram realizados?

Eles aconteciam simultaneamente em dois locais.

Nos postos de saúde, onde duas agentes de saúde recebiam as pessoas. Como elas não conseguiam preparar os frascos individuais, elas solicitavam que os usuários trouxessem suas garrafinhas com água. Elas pingavam as essências e as pessoas levavam para casa. Toda a família bebia daquela água e as elas voltavam para buscar mais quando a água com florais acabava. Nesses locais, elas prepararam mais de 800 garrafas.

Compramos também garrafões de água de 20 litros, pingamos as gotas de florais e as pessoas vinham até os postos para encher suas garrafinhas. O mesmo foi feito na Aldeia Pataxó, onde fizemos uma palestra para explicar às lideranças o que eram os florais e tivemos a permissão de atender os indígenas que se interessaram.

Atendemos ainda um lar de idosos e uma creche, onde professores e alunos tomaram os florais.

Ao mesmo tempo, eu e alguns alunos recém formados e que trabalhavam no CAPS (o Centro de Atenção Psicossocial), passamos a atender nesse local, com agenda e atendimento individualizado.

Passado esse momento traumático, os atendimentos continuaram?

Sim. Durante os trabalhos emergenciais, tanto a aceitação como os depoimentos que recebemos da população atendida foram fantásticos.

Quando a situação se acalmou, e reconhecendo o sucesso da empreitada, percebemos que podíamos ir além, enquanto tivéssemos os florais. Dessa forma, mantivemos os trabalhos no local, com a permissão da Secretaria da Saúde.

Desde o início, já realizamos mais de 500 atendimentos. Eles acontecem uma vez por semana e a terapia floral acabou se tornando uma das mais importantes dentre as PICS usadas em Cabrália.

É maravilhoso! Muitas pessoas, de todas as idades, chegam porque ouviram de outras que estão se sentindo bem.

Como esses atendimentos são organizados?

Atualmente há um novo processo de triagem. A psicóloga, coordenadora do centro, realiza as entrevistas e encaminha os pacientes para as áreas de psiquiatria ou de terapia floral, de acordo com a queixa apresentada.

E quais os resultados de todo esse trabalho?

Além da procura que tem aumentado em função da propaganda positiva daqueles que têm usado os florais, há um dado bem significativo: a fila de atendimentos psiquiátricos tem diminuído expressivamente.

A dedicação da equipe da Secretaria da Saúde, especialmente dos colaboradores Andréa Guinle, Alessandra Alves de Jesus, Alayne Lacerda, Diego da Rosa Leal, Liliane Byrne, Lindinalva G. de Jesus, Rozilane  de Oliveira , a articulação do CONAFLOR junto às associações (Rioflor, ArtFlor, SPFlor e MSFlores) e as doações dos produtores e distribuidores de florais (Healing, Essências Florais, Essências Florais, Ararêtama, Saint Germain, Amazônia, Solaris, Azas, Pedra Branca, Floressências Pantanal e Cerrado) foram fundamentais para que esses resultados do trabalho de formiguinhas fosse possível. A todos, minha enorme gratidão.

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