Florais para transcender o narcisismo
As essências nos ajudam a equilibrar o desejo humano de ser reconhecido e a capacidade de contar com os próprios recursos
Na linguagem cotidiana, narcisista é aquele que só tem olhos para si. Vive para atender às suas necessidades e, com isso, acaba minando as relações e, como consequência, o próprio desenvolvimento. Como é de se esperar, esse jeito de viver, excessivamente orientado pela própria imagem, traz boas doses de sofrimento.
Afinal, precisamos da troca, do dar e do receber genuínos, livres das cobranças e anseios da vaidade.
“A terapia floral vai buscar as causas desse sofrimento. As essências apoiam o processo terapêutico, ajudando o indivíduo a entrar em contato com a dor, entender por que ela está aí e que mudanças são necessárias, promovendo um novo nível de consciência e equilíbrio”,
explica a terapeuta floral Lizete de Paula.
Uno com o todo
Se observarmos bem, o narcisista vive num estado de “solidão de alma”, como define Julian Barnard. Felizmente, o isolamento pode se transformar em “plenitude de alma”.
Dessa forma, o indivíduo pode deixar de ser aquela pessoa que só fala de si, sem oferecer espaço ao que se passa com seus semelhantes, se for capaz de sentir a interligação de todas as coisas.
“Enquanto nos outros seres vivos essa conexão é inata, no ser humano precisa ser desenvolvida. A conexão com sua humanidade e dela com o todo”,
lembra Lizete.
O amor é a base
Muitas vezes, por trás da disposição de alma egocêntrica, não raro, está o desamor.
“Amor que a pessoa nunca recebeu, amor que deu e foi rejeitado ou traído, amor usado para manipulá-la ou controlá-la. Buscar o amor dentro de si é a grande proposta dos florais. O amor é a base do bem-estar na vida”,
sintetiza a terapeuta.
Claro que todos nós, em alguma medida, somos narcisistas, tal qual nos conta o mito de Narciso. Belo jovem que rejeita o amor de uma ninfa e tem por castigo apaixonar-se pela própria figura refletida no riacho.
“O desenvolvimento do Eu necessita do autorreconhecimento para a formação da identidade. Se não nos reconhecemos, como podemos nos relacionar com o outro, que funciona sempre como um espelho, refletindo de volta nossa imagem?”,
pondera Lizete.
Mas, alerta a especialista, não nos enganemos. Uma pessoa pode ser extremamente generosa e dedicada aos outros, ou a uma causa social, quando, no fundo, está sendo movida por seu narcisismo, ou seja, ela almeja ser reconhecida por seus feitos. E, quando isso não acontece, ela se sente injustiçada e sofre.
Equilíbrio possível
O desafio da jornada humana é justamente dosar o quanto recorremos ao espelho alheio e o quanto contamos com os nossos referenciais internos. Até encontrarmos a desenvoltura para estar só e com o outro, ver e ser visto, falar e ouvir, validar e ser validado.
Você pode questionar: Como se perceber efetivamente parte de uma teia muito maior do que a ânsia por atenção e afirmação? Como bem lembra Julian Barnard, basta irmos ao campo para notarmos como cada planta, animal e inseto vive sua totalidade sem se separar da trama urdida pelo cosmos.
Assim, ao invés de se afogar no rio, fascinado pela própria beleza, Narciso pode enxergar nas águas a matéria viva de todas as coisas.
Confira a seguir os florais de Bach que podem ser importantes para transcender o narcisismo, lembrando que cada ser é único e, portanto, precisa ser tratado de maneira singular.
Centaury: fortalece o Eu, para que a pessoa não necessite do reconhecimento dos outros para ser feliz e realizar seu trabalho.
Heather: indicada para aqueles que só falam de si. Ajuda a despertar a conexão com o todo.
Water Violet: auxilia o indivíduo a lidar com a condição de orgulho e com o isolamento.
Walnut: essência fundamental para permitir a mudança.
Lizete de Paula
Terapeuta floral desde 1990, Lizete de Paula é especialista em Terapia Floral pelo HESFA/UFRJ, tendo feito cursos com pesquisadores internacionais e nacionais, no Brasil e no exterior.
Facilitadora credenciada pela Healingherbs para o curso Aprenda a usar os Florais de Bach Healingherbs, além de professora do Curso de Especialização em Terapia Floral do HESFA/UFRJ, turmas 2007, 2010 e 2013.
Atual presidente da Rioflor – Associação de Terapeutas Florais do Estado do Rio de Janeiro, realiza atendimentos e também atua como palestrante em eventos sobre Terapia Floral.