1º Encontro cuidando dos cuidadores no Pará
Instituto Healing promove encontro com os agentes de saúde do Projeto Beth Bruno para que quem cuida também tenha a oportunidade de ser cuidado
Há oito anos os agentes de saúde do Instituto Healing vêm recebendo os mais diversos tipos de formação das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) para poderem cuidar de suas comunidades no Norte e Nordeste do país. Reiki, meditação, terapia floral, homeopatia popular, biomagnetismo, fitoterapia, massagem e bioenergético são os instrumentos que eles usam para cuidar da saúde física e mental de quem tem pouco acesso à saúde, seja nas periferias seja nas comunidades indígenas e ribeirinhas – principalmente do Pará onde o Projeto é mais atuante.
Porém, desta vez, cerca de 60 agentes se reuniram, nos dias 3 e 4 de junho, no Emaús, um centro de formação da Diocese de Santarém, próxima à Santarém-PA, não para receberem algum tipo de formação, mas sim, para serem cuidados.
“Era necessário abrir um espaço onde eles também pudessem ser cuidados porque muitas vezes eles cuidam dos outros, mas esquecem de si mesmos. Por isso o nome desse encontro é Cuidando dos Cuidadores”,
explica Luciana Chammas, diretora executiva da Healing, mantenedora do Instituto Healing.
Luciana se encontrou com os agentes – que vieram de diferentes regiões do Pará: Itaituba, Guajará, Santarém, Oriximiná, Alenquer, Placas, Trairão, Monte Alegre, Arapixuná e Prainha e as comunidades ribeirinhas e indígenas, Arapiuns, Vila Franca, Nova Vista, Comunidade Maró, Boa Vista do Cuçari, Arapiranga e Novo Lugar -, com uma equipe multidisciplinar para tornar o encontro ainda mais especial.
A meditação como instrumento de autocuidado
Sandro Bosco, professor de ioga e meditação, de São Paulo, foi um dos profissionais. Há dois anos ele ensinou a meditação e agora retornou para contribuir com o cuidado com a saúde dos próprios agentes. “O ioga e a meditação nos auto conduz para um estado de calma, podendo assim recarregar as baterias rapidamente, o que é tão necessário, especialmente para quem cuida de outras pessoas”, explica Sandro.
“Essa experiência com eles foi maravilhosa. Eles têm uma receptividade e uma abertura de coração para receber muito grandes. Assimilam com afinco o que é compartilhado.”
Maria Edite Alves de Souza, da aldeia de Cachoeira do Maró, diz que a experiência da meditação foi muito importante para ela.
“Aprender a trabalhar com o silêncio me traz mais confiança e segurança no meu trabalho como terapeuta, puxadeira e parteira”,
diz ela.
Maria das Neves Barroso da Costa, da aldeia Arapiranga, no rio Arapiuns, teve uma outra experiência com a meditação.
“Essa meditação junto ao sagrado é muito profunda porque vem do profundo amor, da profunda consciência que nós devemos ter com nós mesmos. Precisamos conhecer primeiramente a nós mesmos para depois conhecer os nossos pacientes. Na aldeia, trabalhamos com pessoas com diversos tipos de doenças manifestadas no corpo, que vêm do ódio, do rancor, … Elas também precisam desse tipo de tratamento do silêncio para conhecerem sua própria consciência.”
Um dos momentos mais emocionantes do encontro foi quando eles tiveram a oportunidade de trocar cuidados, com a massagem terapêutica, reiki e com a terapia floral. O médico Fabrício Fernandes Brazão, que trabalha na comunidade de Arapixuna, diz que essa é uma experiência essencial.
“Penso assim porque só cuida quem se sente cuidado e eu achei que foi uma troca, uma mistura muito boa de múltiplas experiências para nós vivermos uma experiência única que é sentir-se cuidado e cuidando. Foi bem bacana conhecer e saber também que tem muita gente que pensa a saúde de uma forma diferente, que pensa a saúde de uma forma integral, que olha e vê o ser humano e não um objeto, um órgão, uma parte, mas sim o ser humano como um todo”,
diz ele.
As danças circulares e a autoreflexão
A equipe desenvolveu também outras atividades de autocuidado que contemplam a saúde integral. Entre eles: as danças circulares, tai chi chuan, relaxamento, além da ioga e meditação. A agente de saúde Juvelina Miller, de Placas, comenta o que sentiu durante o encontro:
“Eu gostei muito das danças circulares e da meditação. Percebi que é mais fácil cuidar dos outros, falar uma palavra boa para outra pessoa do que ver o que está dentro da gente, reconhecer onde está o erro, abrir feridas que pensamos estarem curadas e não estão. Estou me sentindo mais leve, mais tranquila”.
Carmen Coelho, de São Paulo, que além de terapeuta floral também trabalha com as danças circulares sagradas e com as danças circulares dos florais de Bach, também viajou para o encontro para conduzir essa técnica com os agentes.
“Como o tema era cuidando dos cuidadores, essas danças podem ajudá-los a se equilibrar, harmonizar e até curar os sentimentos porque as danças dos florais de Bach já funcionam como uma ferramenta de cura. Trabalhei com o Holly, o Gorse e o Gentian, que falam do amor e da esperança. E para contemplar o tema do agradecimento, levei músicas folclóricas, como o abraçar e agradecer”,
explica Carmen.
Luciana explica que o planejamento para o encontro Cuidando dos Cuidadores era levar não apenas a meditação e as danças circulares, mas também colocar em pauta a esperança e a gratidão. “Esperança porque vivemos um momento muito difícil como país, como povo brasileiro. Mas temos que continuar e ter esperança que dias melhores virão, que tudo é um processo. E a gratidão porque não dá para fazer nada sem gratidão. Por isso, também trouxemos esse tema como fortalecimento para os agentes.”