GCEM é parceiro do projeto arranjo produtivo local

O GCEM, que faz parte do projeto Beth Bruno, participa do importante Projeto APL que une a comunidade, o SUS e os detentos de um presídio de regime semiaberto à fitoterapia

Sempre muito atuante, o Grupo Conquista de Ervas Medicinais (GCEM), em Santarém-PA, faz parte agora de um projeto que pode servir de inspiração para todo o Brasil. Denominado Projeto Arranjo Produtivo Local de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (APL Fito Santarém), ele envolve diretamente os detentos do regime semiaberto do Centro de Recuperação Agrícola Silvio Hall de Moura (CRASHM), uma parte das mulheres do Centro de Recuperação Feminina, agentes de saúde e a população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS) de São Brás, em Alter do Chão, e do bairro Diamantino, na zona urbana de Santarém.

“O GCEM, como entidade parceira, irá acolher os viveiros para a preparação de mudas de plantas medicinais que serão levadas para a penitenciária. Nós e uma equipe já estamos organizando o canteiro com cerca de 5 mil mudas para o transplante. O trabalho dos detentos do semiaberto será cuidar, fazer a rega, a poda, a colheita das folhas na época que estiverem já grandes. O restante é com a Secretaria da Saúde e com a equipe do APL”, explica Luciene do Santos, que faz parte do Projeto Bruno e, que está à frente dos cuidados do horto de plantas medicinais do GCEM e na parceria com a APL.

Após esse processo, os fitoterápicos serão fabricados e levados para as unidades de saúde, onde os agentes de saúde e os médicos devem receitar para a população. De acordo com a coordenadora administrativa do Projeto, Conceição Menezes, o APL Fito Santarém é um projeto criado pelo Ministério da Saúde, através da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, aderido pela Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde.

“A iniciativa é fruto de luta popular que conquistou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos para o SUS.

Nossa missão é articular e capacitar os internos do regime do semiaberto para a produção adequada de plantas medicinais com a finalidade de incrementar a assistência farmacêutica municipal e o acesso a medicamentos fitoterápicos de qualidade pelos usuários do SUS de Santarém. O excedente pode ser comercializado para farmácias de manipulação e no próprio GCEM”, explica ela.

Segundo Conceição, alguns profissionais ainda são resistentes ao uso de fitoterápicos. “Em contrapartida, alguns da atenção básica já trabalham o tratamento à luz das plantas medicinais.” O cultivo será de seis espécies – justicia pectoralis (cumaruzinho), melissa officinalis (cidreira), zingiber officinale (gengibre), aloe vera (babosa), uncaria tomentosa (unha de gato) e cymbopogon citratus (capim-limão) – que serão ultilizadas, como chás, pomadas, cápsulas e xaropes. “E o que mais nossa equipe farmacêutica tiver condições de produzir”, avisa a coordenadora.

Além do GCEM, as mudas em larga escala de produção serão reproduzidas também no Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Pará-campus Santarém. “Serão instaladas uma secadora solar no CRASHM e uma no GCEM. Com esse equipamento e após participarem do curso de colheita, secagem e envasamento, a equipe poderá beneficiar de forma simples e comercializar. Uma unidade de manipulação será beneficiada para atender as demandas das unidades de dispensação, realizando a produção dos medicamentos com uma alta exigência no controle de qualidade”, explica Conceição.“A dispensação de medicamentos fitoterápicos para as unidades de saúde ficará sob a responsabilidade da Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), através do controle do estoque e da saída dos lotes produzidos.”

A coordenadora administrativa explica que, atualmente, o Projeto encontra-se na fase de preparação da unidade de produção comunitária com a construção de canteiros e da estrutura necessária, bem como na articulação de processos administrativos, como licitação de materiais para uso no Projeto (terra preta, madeiras, sistema de irrigação,…) e licitação dos equipamentos do laboratório.

“Nesta fase foi elaborado o instrumento para subsidiar os prescritores, denominado de memento fitoterapêutico, os cursos de produção orgânica, a identificação botânica das espécies e a preparação a reprodução de mudas.”

Para Luciene, a importância do Projeto APL é, em grande parte, devido à sua abrangência. “Primeiro porque é uma valorização da cultura dos povos indígenas, do povo ribeirinho, da valorização da nossa riqueza vegetal, da grande Amazônia que oferece essas plantas como remédios, o que e é uma tradição. É, portanto, a valorização da natureza, da Mãe Terra, do que Ela nos oferece. É também uma forma de ajudar nossos irmãos que estão nas penitenciárias, em regime semiaberto, a terem uma atividade. E vejo ainda que é um bom começo devido à inclusão das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no SUS, da qual a fitoterapia é parte.”

A coordenadora administrativa do Projeto, representando a Secretaria Municipal de Saúde de Santarém, finaliza explicando as outras participações do GCEM. “Além de ser um dos ‘matrizeiros’ de reprodução das seis espécies, caberá também ao GCEM realizar homeopatia nas áreas e plantas pelo método de radiestesia. Outro apoio prestado pelo GCEM serão nas oficinas complementares que estamos preparando para a produção de sabonetes de uso pelos internos e também pela comunidade venezuelana presente no município.”

CONTATO

Conceição Menezes: aplfitosantarem@gmail.com

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