Dando as boas-vindas à saúde
Tomé-Açu recebe o Projeto Beth Bruno e forma vinte agentes de saúde no método bioenergético. Com eles, tem início na cidade um grande movimento de levar saúde à população
No final da década de 1930, as primeiras famílias japonesas chegaram em Tomé-Açu, cidade de cerca de 60 mil habitantes, no nordeste do Pará, distante 250 km de Belém. Conta a história, que os imigrantes, peritos na agricultura, formaram colônias agrícolas e passaram a cultivar arroz, hortaliças e, mais tarde, pimenta-do-reino – conhecido na época como o “diamante negro” da Amazônia. Os japoneses tornaram Tomé-Açu conhecida por se tornar o maior produtor mundial de pimenta-do-reino. Até hoje, a cidade se consagra como sendo a maior produtora brasileira dessa especiaria e os japoneses, que continuam por lá, hoje se dedicam também ao cultivo de diversas frutas, sendo a pitaia uma das grandes vedetes da produção.
É em Tomé-Açu que o Projeto Beth Bruno aportou recentemente.
“É uma comunidade muito envolvida na caminhada da comunidade, da igreja, muito envolvida nos movimentos. Pelas fotos, é possível ver o rosto deles muito expressivo, com muita vontade”, conta a irmã Marialva da Costa, coordenadora do Projeto Beth Bruno.
O pedido de levar o Projeto para lá foi feito pela irmã Terezinha, da Congregação das Irmãs Franciscanas de São José, por vários motivos. “Ela percebeu a carência na saúde. Eles têm, por exemplo, somente um massagista na cidade. Irmã Terezinha vendo também o trabalho que é feito em Ananindeua e em outros locais que ela trabalhou onde o Projeto está inserido, percebeu que ali também seria um bom lugar para formar agentes de saúde em diversas terapias. Há um trabalho muito ativo com a Pastoral da Criança e, além disso, as mulheres conhecem muito sobre ervas, apesar desse trabalho não ser sistematizado”, esclarece a coordenadora.
Em junho, irmã Marialva seguiu para lá com irmã Marinete (clique aqui para saber mais sobre o trabalho de Marinete) e juntas elas formaram 20 pessoas no método bioenergético. “São 18 mulheres e dois rapazes, que ficaram felizes em descobrir essa terapia. No momento de falarmos sobre o conhecimento das plantas, foi muito bom e muito fácil porque eles já têm essa sabedoria. Rapidinho eles trouxeram muitas plantas e compartilharam o que sabiam. O nosso trabalho foi mais ensinar como trabalhar com determinada planta dentro da terapia do bioenergético, que pede as plantas específicas para cada órgão, e quais atuam melhor”, conta.
Irmã Marialva ficou impressionada também com a facilidade que eles aprenderam. “Eles tinham tanta vontade, estavam tão abertos para o curso que absorveram muito bem o método. Deixei eles muito seguros, já atendendo. Inclusive, eu e a Marinete atendemos com a ajuda deles, em torno de 50 pessoas, contando com os que participaram da formação e outros de fora, em atendimentos à parte.”
Durante esses atendimentos, foram descobertas doenças, como a malária, muita anemia, desnutrição e verminose. “Eles têm uma péssima qualidade de água. A água da torneira tem muita ferrugem. O sistema de saúde não é bom, as pessoas não têm acesso, têm que ser mandadas para Belém. E quando chegam em Belém, há uma superlotação. Discutimos muito nesse encontro as questões da saúde pública, que não são nada fáceis”, aponta irmã Marialva.
Outro fator que agride a saúde da população é a quantidade de veneno colocado nas plantações de dendê. “Eles se sentem muito intoxicados com isso porque também fica no ar que respiram causando muitas doenças. Os lindos igarapés sendo envenenados também…” Marialva observou, além disso, que muitas pessoas sofrem de agitação mental, nervosismo, com momentos de desequilíbrio emocional. “E muitas mulheres sofrendo de falta de autoestima e outros sintomas da menopausa. A terapia floral será muito bem-vinda à Tomé-Açu, pois ajuda tanto nessa questão e em todas as outras. Falo isso pela experiência de trabalho de tantos anos de história de vida do Projeto Beth Bruno. Eu propus, então, que no próximo ano a gente comece a formação em terapia floral.”
Irmã Marialva se ressente pelo Projeto Beth Bruno não ter chegado à Tomé-Açu antes.
“O nosso trabalho é tão salvador, tão libertador e não tinha lá. Mas tudo tem sua hora. Irmã Terezinha foi muito corajosa de enfrentar, de buscar e correr atrás. E eu muito feliz em ver agora que a saúde integral também está sendo disseminada por lá”.
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