O despertar de Roraima para a saúde integral

Há dois anos o Projeto Beth Bruno, gerenciado pelo Instituto Transformar Cuidando, chegou em Roraima para apoiar e fornecer mais formações a agentes de saúde que trabalham com as práticas integrativas e complementares. Hoje, elas atendem a população com homeopatia popular, fitoterapia e terapia floral

Em 1992, de Ouro Preto Do Oeste, em Rondônia, saiu um grupo de missionários rumo à Boa Vista. A Pastoral da Saúde pediu que eles fossem até a capital de Roraima para ajudar na formação de agentes de saúde, em homeopatia popular e fitoterapia, que vinha sendo desenvolvida pela freira Sirley Weber, da congregação Missionárias Servas do Espírito Santo. “Um ano depois, em 1993, eu fui para lá e fiquei trinta dias reforçando a formação que os agentes vinham recebendo. Eram muitos grupos e três eram de etnias indígenas. Foi muito legal essa época”, relembra irmã Marialva Costa, também da congregação Missionárias Servas do Espírito Santo.

Marialva conta que irmã Sirley teve a ideia de levar as terapias naturais para Boa Vista, como forma de ajudar a população mais carente a ter acesso à saúde, após ter conhecido o trabalho na área da saúde desenvolvido pelo Projeto Padre Ezequiel, em Rondônia.

“Ela ficou tão apaixonada pela beleza desse Projeto que quando foi morar em Boa Vista quis disseminar a formação por lá também. E foi isso o que ela fez. Depois, nós e outros missionários, como esses de Ouro Preto Do Oeste, que também fazíamos parte do Instituto Padre Ezequiel Ramin (IPER), fomos fazendo visitas à ela para contribuir com a formação”, conta Marialva – o IPER nasceu em Rondônia e é até hoje um dos mais importantes projetos sociais desenvolvidos no Brasil em agroecologia, saúde complementar, direitos da Criança e do Adolescente e na luta pela implementação de políticas públicas que promovam a vida e a justiça socioambiental.

Desde então, outras irmãs passaram por Boa Vista e continuaram apoiando o trabalho das agentes de saúde formadas.

“Mas todas saíram de lá, foram fazer trabalhos em outros lugares, porém um grupo de agentes de Boa Vista e de São Luiz do Anauá, distante 400 km de Boa Vista, continuou e se mantiveram firmes no trabalho até hoje, tanto que eu dei o nome a elas de Guardiãs da Homeopatia”, diz Marialva.

O contato de Marialva com essas agentes de Roraima aconteceu quando ela foi convidada a ensinar a terapia floral para esse grupo. A missionária é, há alguns anos, coordenadora do Projeto Beth Bruno, gerenciado pelo Instituto Transformar Cuidando, que também tem o objetivo de disseminar as terapias naturais pelo norte do país, porém o alicerce principal do Projeto Beth Bruno é a terapia floral. “Como durante todos esses anos, essas agentes de Roraima vinham trabalhando somente com a homeopatia popular e com a fitoterapia, eu fui convidada pela irmã Neomari para ensinar a elas a terapia floral. Eu aceitei e em 2015 fui até lá transmitir os primeiros conhecimentos do sistema floral de Bach. Em 2016, voltei novamente e trabalhei com elas o segundo grupo de floral, Os 19 Florais Complementares”, explica ela.

Marialva conta que as agentes estão num momento importante, o de descobrir os resultados positivos dos florais na vida delas, dos familiares e da comunidade. “Estão muito felizes e muito gratas. Quando eu estive lá pela última vez me contaram de alguns casos em que os florais têm sido muito úteis, como o de uma pessoa que estava tendo pensamentos suicidas. Com o tratamento, hoje essa pessoa está totalmente curada, livre de todos os medicamentos químicos e fora da depressão que a levava a buscar o suicídio.”

Como a homeopatia popular e a fitoterapia também fazem parte das práticas integrativas e complementares ministradas pelo Projeto Beth Bruno, nesse último encontro, Marialva, que vive em Placas, no Pará, ajudou as agentes também tirando dúvidas sobre homeopatia e como, em conjunto com os florais, os tratamentos ganham ainda mais força. “Falamos também sobre algumas dificuldades que elas tinham com relação aos florais, como o uso do floral também para crianças. Elas pensavam que não era possível, por exemplo, dar floral para bebê. Aos pouquinhos, fui apresentando também mais sobre o nosso trabalho no Projeto Beth Bruno, nossos ideais e objetivos”, conta Marialva.

Para o próximo ano, a missionária pretende iniciar a formação das agentes em reiki e radiestesia. “Eu já dei algumas noções de radiestesia, mas elas gostariam de fazer um curso mais completo. Elas são muito perseverantes e muito ligadas à missão. Entendem esse trabalho voluntário como sendo uma missão. Nenhuma delas tem tempo de atender a população durante o dia porque estão trabalhando, então, fazem os atendimentos às quintas-feiras à noite. Dedicam-se com todo amor, são extremamente envolvidas”, elogia Marialva.

“Eu costumo dizer que o Projeto Beth Bruno Projeto não tem fronteiras, ele vai para qualquer lugar, basta que tenha alguém com o coração aberto para recebê-lo.”

Em Roraima, o Projeto encontrou vários corações abertos… E perseverantes em nome da saúde integral, que todas as pessoas têm direito.

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