Conexão a partir de Piripiri
Agentes de saúde de Piripiri, no Piauí, formados pelo Projeto Beth Bruno, têm mostrado um jeito único e inspirador de modo de viver, de se inter-relacionar e de oferecer cuidados que abrangem a saúde integral
Existe um provérbio que diz: “um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se, independentemente do tempo, lugar ou circunstância. O fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir”. Provavelmente, existe um fio conectando a irmã Marialva da Costa, coordenadora do Projeto Beth Bruno, à irmã Lindalva, que pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas de São José, e Piripiri, no Piauí.
“O nosso encontro aconteceu da seguinte forma: quando eu fui fazer um trabalho missionário em Angola, na África, ajudei a construir por lá um projeto com a medicina natural para ajudar as pessoas que sofrem com a dengue, malária e outras doenças, além dos problemas mentais. Quando irmã Lindalva esteve por lá, conheceu nosso trabalho e se utilizou dele por causa da quantidade enorme de malária”, explica Marialva.
“Anos mais tarde, eu voltei ao Brasil e quando ela voltou, foi destinada a morar em Piripiri, um dos locais de missão da congregação dela. Lindalva ficou responsável por acompanhar o grupo da Pastoral de Saúde, que não conseguia caminhar. Foi quando ela teve a ideia de entrar em contato com as irmãs de Angola para saber se alguém podia assessorá-la e me indicaram para ser essa pessoa. Nós começamos a conversar e em 2014 iniciamos os treinamentos de formação de agentes de saúde em Piripiri. Foi quando o Projeto Beth Bruno chegou ao Piauí. Eu brinco com ela que é um amor que nasceu lá em Angola, a partir da dor, do sofrimento, da malária, e acabou chegando ao Brasil, no interior do Piauí, e nos tornou grandes amigas.”
Desde então, os agentes de saúde já receberam praticamente todas as formações oferecidas pelo Projeto.
“Elas já fizeram bioenergética, floral, homeopatia, fitoterapia e biomagnestismo. O Reiki está previsto para o fim do ano”, conta a coordenadora.
Marialva vem acompanhando o grupo nesta caminhada e esteve em Piripiri recentemente para mais um encontro com as agentes. “Foi um encontro de estudos. Primeiro, eu fui acompanhar o estágio das quatro agentes que fizeram o curso de biomagnetismo, a terapia feita com ímãs, ensinada pelo padre Elias, que é médico também. Tirei dúvidas sobre homeopatia, florais, e foi estudado os chacras, para facilitar o trabalho delas com biomagnetismo, e também a psicossomática, para se ter a compreensão do quanto as doenças da alma aparecem no corpo, como é possível investigar os sinais… O grupo gostou muito, foi muito bom”, relata.
Durante os dias em que Marialva esteve com as agentes, muitas pessoas da população, que são atendidas regularmente, foram atendidas. “Elas falam de problema na coluna, reumatismo, muito cansaço por causa da luta da vida no dia a dia. Nas mulheres, a questão da menopausa e o desequilíbrio todo que vem junto também foi relatado. E problemas de depressão também”, diz Marialva.
“Desde o começo, desde o primeiro módulo de florais que eu passei para elas, a terapia floral tem dado uma resposta muito positiva.”
Marialva conta que um dos grandes diferenciais das agentes de saúde de Piripiri é a alegria e o apoio mútuo entre elas. “São muito animadas, têm uma alegria muito grande, um grupo que gosta muito de festa. Por exemplo, todos os anos, elas fazem uma viagem, um passeio. Este ano eu tive a oportunidade de fazer o passeio com elas, nós fomos ao sítio do Bosco, que fica no Ceará, um lugar de preservação ecológica muito lindo, na serra do Tianguá. Tinhanguá é um município que já pertence ao Ceará, mas é muito próximo do Piauí. Passamos o dia lá. E visitamos Viçosa do Ceará, lá tem a igrejnha do céu, que fica no alto da montanha. Elas foram e voltaram cantando, brincando, dançando. E elas levaram seus familiares. São bastante integradas”, conta Marialva.
A coordenadora diz também que elas se destacam por um outro motivo. “É a partilha, a alimentação é toda partilhada. Cada dia uma traz o bolo, os lanches, o que vai ser feito no almoço. É uma variedade muito grande, muito bonita, gostosa, e o alimento é preparado pelas próprias colegas do grupo e por algumas senhoras que fazem parte do grupo, mas como apoio. E uma cuida da outra, não é que elas atendem somente a população. Enquanto a gente esteve lá, todas receberam o atendimento, receberam a colocação de ímãs, inclusive as senhoras que estavam de apoio.”
Além do encontro e da parceria que se firmou entre Marialva e irmã Lindalva, que vem ajudando Marialva na formação, Piripiri foi o lugar que promoveu a formação de três irmãs, que não moram mais lá, mas que atuam como agentes de saúde onde residem atualmente. “A irmã Marinete está em Belém, em Ananindeua, dinamizando o grupo de lá. A Irmã Graça, que também fez a formação em Piripiri, trabalha há dois anos em Manicoré, na Amazônia, uma realidade muito ribeirinha, muito desafiadora, e ela está fazendo um trabalho lindíssimo com essa comunidade a partir do conhecimento que ela aprendeu com a gente. A irmã Franciele, que também recebeu a formação em terapia floral em Piripiri, e hoje atende em Honduras. E também a irmã Zumira, que está em Curitiba”.
O fio que conectou as irmãs Marialva e Marinete em Piripiri acabou por revelar outros fios, que conectam todos esses multiplicadores comprometidos com a saúde integral do ser humano, e que se espalham, conectando outras pessoas que estão destinadas a se conhecerem. É o Projeto Beth Bruno andando por aí.