Todo cabelo é lindo
Especialista em saúde capilar, a Dra. Valéria Longo ensina como cuidar dos cabelos para que eles sejam verdadeiramente saudáveis
Doutora em Ciências e Engenheira de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar/CDMF), no interior de São Paulo, e diretora do Katléia Lab – Centro Avançado de Diagnóstico Capilar, a Dra. Valéria Longo detém um conhecimento precioso para a maioria das mulheres. Ela sabe, com a devida profundidade, de que nossos cabelos necessitam para serem verdadeiramente saudáveis.
Desde 2004, Valéria coordena o Laboratório de Cosmetologia da UFSCar/CDMF, orientando trabalhos científicos sobre físico-química dos cabelos e fazendo testes de eficácia de produtos cosméticos para várias indústrias do setor. Em 2014, decidiu levar até as consumidoras alguns testes, até então, realizados exclusivamente para a indústria. Com o auxílio dessas ferramentas, oferecidas pelo Katléia Lab, as mulheres têm a oportunidade de conhecer melhor seus cabelos, escolher tratamentos cosméticos adequados e inserir em suas rotinas cronogramas capilares saudáveis. A seguir, ela detalha o assunto e mostra o caminho dos fios bem tratados.
Pode falar um pouco sobre os avanços mais recentes da ciência nessa área?
Os maiores avanços que vejo surgir hoje na ciência cosmética são os tratamentos para a saúde do couro cabeludo e não só dos cabelos. O couro cabeludo é onde o cabelo nasce, lá na derme. Para que esteja saudável, depende de vários fatores, tais como: alimentação, cosméticos não agressivos e hábitos saudáveis de vida.
Afinal, o que significa ter saúde capilar?
O cabelo reflete muito a nossa saúde como um todo. Portanto, a saúde do cabelo começa por dentro, com uma boa alimentação. Os alimentos que fazem bem para esta parte do corpo são frutas vermelhas, uva, sementes contendo ômega 3, castanha do Pará (selênio), carnes e peixes. Depois, hábitos diários de cuidados com os cabelos adaptados para cada tipo de couro cabeludo e cabelos, como lavagem e escovação corretas e poucos tratamentos químicos e térmicos. Por fim, cosméticos de boa qualidade, com poucos agentes agressivos, como corantes e conservantes. Atualmente, existem algumas opções no mercado, e acredito que esta seja uma tendência, mas, infelizmente, ainda são difíceis de se encontrar. Porém, em se tratando de cosméticos, o menos é mais. Uma pequena mudança de hábito, como, por exemplo, deixar de secar o cabelo com secador uma vez por semana, pode deixar o cabelo muito mais saudável depois de três meses de incorporação dessa rotina.
Como escolher os produtos adequados e depois lavar e escovar os cabelos da forma correta?
De maneira geral, o xampu interage com o couro cabeludo e deve se adequar a ele. Já os pós-xampus (condicionadores e cremes de tratamento) devem se adequar ao fio. Para uma lavagem correta, espalhe o xampu nas duas mãos antes de levá-lo ao couro cabeludo. Depois, massageie sua superfície suavemente com as pontas dos dedos em movimentos circulares, procurando “descolar” o couro cabeludo. Lembre-se de ter “mãos de fada” nessa hora. Não precisa esfregar o cabelo, pois a própria água do enxague se encarrega de lavá-los suavemente, sem danificá-lo. A escovação deve ser feita com escova de cerdas macias e flexíveis, sempre desembaraçando primeiro as pontas e depois subindo até a raiz. Seja gentil com suas madeixas nessa hora.
Na busca pela beleza, muitas mulheres se colocam em risco. Ainda há muita desinformação acerca das progressivas, dos alisamentos e dos tingimentos?
Infelizmente, sim. A escova progressiva realizada com formol é muito perigosa para a saúde do cabelo e para a saúde como um todo. Além disso, causa inflamações no couro cabeludo que podem levar, inclusive, à queda definitiva do cabelo. Hoje estima-se que 30% das mulheres com mais de 40 anos estão com queda de cabelo. Uma das causas é o uso do formol. Quanto às colorações, podemos dizer que são uma química “fraca” para os cabelos e quase não causam danos. O conhecimento dos vários tipos de química é a melhor defesa que temos. O bom senso também!
O que as mulheres precisam saber sobre estes procedimentos e o que devem colocar na balança antes de optar por eles?
Em primeiro lugar, sempre optar por produtos que são liberados pela ANVISA. É a sua primeira proteção. Como são liberados, possuem registro e fórmulas controladas. Em segundo lugar, tomar cuidado com misturas de alisamento com coloração e descoloração. Podem ser químicas incompatíveis ou o cabelo pode estar muito fragilizado para absorvê-las. Sempre fazer um diagnóstico capilar ou teste da mecha com um profissional de confiança antes de realizá-las. Em terceiro lugar, se estiver com queda, não alisar ou descolorir até que essa desordem melhore.
Qual a diferença entre o diagnóstico capilar e o teste da mecha?
O teste da mecha é empírico e impreciso. É realizado pelo cabeleireiro para ver se o cabelo suporta algum tipo de química mais agressiva. No entanto, podem ocorrer problemas posteriores, pois várias reações químicas continuam acontecendo no cabelo por vários meses após o tratamento, como descolorir, por exemplo. Assim, o teste da mecha não é totalmente seguro. O Diagnóstico Capilar é realizado em laboratório com medidas científicas e precisas. Avalia a queratina e a maleabilidade do fio de cabelo com precisão. Assim, consegue assegurar os tipos de tratamentos que podem ou não ser realizados posteriormente com segurança.
É possível realizar procedimentos químicos e ainda assim manter os cabelos saudáveis?
Depende muito. Existem profissionais no mercado que são excelentes. Sabem o que misturar, são cuidadosos e depois orientam suas clientes a tratarem os cabelos da forma correta.
Atualmente, quais são as principais queixas do público feminino em relação aos cabelos?
A queixa que mais preocupa as mulheres hoje é a queda de cabelo. A principal causa é a alopecia androgenética, que, como o próprio nome diz, tem causa genética. Também são causadores de queda mudanças hormonais, estresse, depressão, cosméticos ou tratamentos cosméticos agressivos. A prevenção vem com boa alimentação, hábitos saudáveis de cuidado com os cabelos, uso de bons cosméticos, prática de exercícios e químicas capilares pouco agressivas. Quando o problema já está instalado, precisa-se de um diagnóstico adequado para indicação do melhor tratamento, preferencialmente realizado por um médico dermatologista. A segunda maior queixa é a quebra do fio, por excesso de tratamentos químicos e térmicos nos cabelos.
No verão, quando as temperaturas se elevam, o que é mais indicado para se manter o viço capilar?
Uma dica para o verão é utilizar xampus mais suaves, pois lava-se mais os cabelos, utilizar sempre um creme de tratamento na piscina ou mar e deixar os cabelos secarem naturalmente pelo menos uma vez por semana.
De acordo com a sua experiência, as mulheres estão aceitando melhor seus cabelos do jeito que eles são ou ainda estão em busca de um padrão ideal propagado pelas mídias?
Acho que já melhorou bastante. Os cabelos encaracolados estão cada vez mais na moda e “empoderando” as mulheres que os têm. As mídias estão aderindo a esta tendência também. Ainda existe a moda do cabelo liso, é claro, mas fala-se muito em liberdade de ser quem você quer, detentora de um cabelo liso, cacheado ou alisado.
Que mensagem você deixa às mulheres que perderam a esperança de recuperar suas madeixas?
Pouquíssimas desordens capilares são irreversíveis. Com o diagnóstico e cuidados corretos, as madeixas se recuperam, voltam. Esse resultado depende muito de bons profissionais ajudando e, principalmente, de mudanças de atitude e hábitos com o cabelo. Para nós, todo cabelo é lindo. Por isso, cuide bem dele.
Contato
Dra. Valéria Longo
Katléia Lab
(11) 98934-9919
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