Os florais de Bach e o alcoolismo: sim, a terapia floral pode ajudar!

Ao equilibrar a emoções, os florais de Bach auxiliam doentes alcoólicos a buscar novas maneiras de lidar com suas dores de alma.

O alcoolismo é uma doença crônica que se caracteriza pela dependência do álcool. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) 3% da população brasileira acima de 15 anos de idade é considerada alcoólatra. Em números, isso significa mais de seis milhões de pessoas! É muita gente sofrendo de uma doença que pode ter suas raízes na genética, nos transtornos mentais ou ainda na influência do ambiente.

Além do impacto negativo no corpo, as consequências para aqueles que sofrem desse distúrbio ultrapassam a esfera individual: as relações familiares, sociais e profissionais acabam se deteriorando, jogando o indivíduo numa espiral negativa com danos graves e tristes.

Nessa entrevista, a fisioterapeuta e terapeuta floral Sandra Amaral conta a experiência exitosa que vem obtendo com a terapia floral num grupo de Alcoólicos Anônimos: os florais não podem curar o alcoolismo, mas representam instrumentos valiosos de equilíbrio emocional, condição indispensável para o controle do vício.

Sandra, há quanto tempo você trabalha com os florais?

Há 8 anos, desde 2016 quando fiz a minha primeira formação na Healing. Depois disto, em 2019, fiz outra formação com os florais de Saint Germain e passei a usar os dois sistemas juntos nas elaborações das fórmulas para os pacientes.

O que te encanta ao trabalhar com os florais?

A possibilidade de ver mentes e corações reagirem a algo muito simples, natural, que lida com vibrações, atuando beneficamente no campo mental e emocional e sem interações químicas nocivas e tóxicas.

Conte um pouco por favor sobre o que te levou a ser voluntária no AA?

Eu tive um pai doente alcoólico e passei minha infância vendo as consequências deste vício na família, trabalho e sociedade. Depois de adulta, numa sessão de terapia, percebi através de uma vivência que ainda tinha coisas a resolver com este pai, mas ele já havia falecido pelas consequências do álcool e fumo. Então, senti que deveria procurar pelo entendimento desta doença e comecei a frequentar a sala Amor e Paz de AA em SP, que aceitou minha presença mesmo sem eu ser um membro, ou seja, uma alcoólica.

Hoje eles me chamam de amiga de AA e, a partir da minha frequência nas reuniões, comecei a notar que devido às questões emocionais apresentadas nos depoimentos dos membros, os florais poderiam contribuir na estabilidade emocional durante a abstinência do álcool. Foi neste momento que fiz a proposta do voluntariado, que foi aceita. Para não haver risco de que o álcool presente na conservação do frasco do floral, ainda que em dose ínfima, pudesse ser um gatilho para o doente alcoólico voltar a beber, em uma conversa com minha professora Bruna Vannucchi, surgiu a ideia de elaborarmos uma fórmula tópica à base de creme neutro.

Conte um pouco por favor para quem não conhece o que é o AA?

Os Alcoólicos Anônimos (AA), são uma irmandade internacional fundada em 1935 nos EUA por Bill e Bob, que tem por objetivo ajudar o doente alcoólico a se recuperar da doença do alcoolismo. Esse trabalho é realizado através dos Doze Passos, que são princípios fundamentalmente espirituais (e não religiosos), que uma vez praticados, mesmo que lentamente e ao longo dos anos, podem acabar com a obsessão pela bebida e devolver a dignidade para a vida do doente alcoólico. Estes princípios em geral são também aplicados a outras irmandades que surgiram depois, como os Neuróticos Anônimos, Narcóticos Anônimos, etc.

Como percebeu, ou o que notou que te levou a fazer essa ponte entre os florais e um possível auxílio aos membros de AA?

Frequentando as reuniões, ouvia depoimentos dos motivos pelos quais muitos deles foram ou voltaram para a bebida depois de um período de abstinência e estes motivos passavam muitas vezes por uma marcante insatisfação com a vida, mágoas com o passado, inconformismo com a situação atual e fantasias de grandiosidade alternadas com um profundo sentimento de menos valia, dentre outras emoções perturbadas. Comecei a notar que o equilíbrio emocional proposto no tratamento com terapia floral poderia ajudá-los a manter a serenidade e motivação com o momento atual que viviam.

Você conseguiu identificar certos padrões emocionais que podemos correlacionar com os florais de Bach?

Sim, por exemplo:

  • Agrimony que é para aqueles que preservam uma alegria aparente, então podem tornar-se dependentes do vício para continuar na alegria.
  • Crab Apple para desintoxicação, pois muitos usam o termo “só por hoje estou limpo”, o que dá a ideia de sentirem-se sujos.
  • Walnut para trazer uma constância e não ser “Maria vai com as outras”, no que diz respeito a ser influenciado a beber.
  • White Chestnut para paz e tranquilidade mental, pois muitos tem pensamentos repetitivos, tormentosos e obsessivos.
  • Willow para aqueles presos no ressentimento e amargura, para aceitação e perdão.
  • Sweet Chestnut para os que tem angústia e vontade de beber, para sentirem-se consolados e perseverarem na fé.
  • Star of Bethlehem para os que sofreram traumas e não conseguem se libertar deles. Além de outros florais mais específicos com os conflitos individuais que vivenciam.

Pode nos contar com suas palavras, ou se possível com depoimentos anônimos, sobre o que tem observado durante o tempo que tem desenvolvido esse trabalho com os florais no AA?

Ouvi relatos em retornos de consultas sobre a desaceleração do mental disparado, sono melhor, estar mais calmo, mais tranquilo, menos ansioso, diluição do sentimento de sofrer injustiça, esquecer o passado, palavras amenas que não ferem mais, sentimento de amparo e autovalorização, tristeza e mágoa que passou, e depois de algumas fórmulas para alguns deles a preocupação já não é mais tão intensa com o mundo ao redor e sim como o que o próprio indivíduo pode melhorar em suas respostas para o mundo.

Você notou alguma mudança em você após ter iniciado esse trabalho social? Se ficar à vontade, pode falar um pouquinho sobre isso?

Sim. Por conseguir compreender melhor os motivos e reações do doente alcoólico e, principalmente, por encontrar aqueles que recapitularam seus descaminhos e lutam por repará-los, tenho me colocado num lugar de menos julgamento e crítica com esta doença. Justamente por entender que, apesar dos vícios morais existirem (assim como existem em maior ou menor grau em todos nós que não somos alcoólicos) entre aqueles que frequentam a sala de AA, estas dificuldades são expostas de forma tão honesta e verdadeira que se transformam numa força propulsora que os ajuda a se levantar e seguir adiante. E não apenas isto, mas também a se manterem bem e ainda ajudarem os novos ingressantes ou qualquer um que precise de ajuda. E eu fico lá ouvindo e vendo tudo isto e pensando “Meu Deus, que bonito, este programa funciona para mim também. Funciona para qualquer um.”

Quais desdobramentos/futuro você acredita que este trabalho possa ter?

Talvez, com os bons resultados da terapêutica dos florais utilizada nos membros de AA desta sala que eu frequento, possa haver interesse de outras salas de AA se utilizando desta prática, se os membros de tais salas entenderem ser apropriado, pois de acordo com suas tradições, cada grupo deve ser autônomo e independente para tais decisões, desde que não prejudique outros grupos ou a instituição como um todo. Porém, o simples fato deste trabalho ter sido aceito e seguir, ainda que modestamente, oferecendo apoio emocional aos que precisam e se interessam, já faz surgir uma referência a mais de bem-estar em suas vidas e a possibilidade de resolverem questões íntimas, que de outra forma poderiam não ser compartilhadas e conscientizadas.

O que você acha que é preciso para que este trabalho continue e possa ser ampliado para outras instituições/causas?

Para que este trabalho continue e possa ser ampliado para outras instituições ou causas, em primeiro lugar precisa haver seriedade, estudo e dedicação. Os interessados nesta terapêutica precisam entender com clareza do que se trata, como funciona, quando deve ser indicada e o que se pode esperar dela. Como a ação dos florais, muitas vezes, é sutil, precisando de uma nova consulta, retorno e conversa com o terapeuta, para que o indivíduo se dê conta de que antigos e persistentes incômodos já não o incomodam mais. A continuidade no tratamento é fundamental, de modo a se identificar a melhora do quadro clínico, traçar novos desafios a serem trabalhados e recorrer a esta técnica sempre que necessário, como uma forma de manter-se bem e equilibrado.

Sandra Amaral é Fisioterapeuta e Terapeuta Floral, Especialista em Fisioterapia Músculoesquelética e Mestre em Ciências do Movimento. Crefito 3/57601.

Contato: (11) 98403-8668

Youtube, Facebook e Instagram: Sandra Amaral SandFisio.

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