Fazer dieta engorda!
A nutricionista franco-brasileira Sophie Deram, que mora no Brasil há 17 anos, vem quebrando paradigmas ao comprovar que as dietas restritivas só fazem engordar
Engenheira agrônoma, estudiosa e pesquisadora da agriculta e da indústria alimentar, nutricionista, doutora pela Universidade de São Paulo (USP) no departamento de endocrinologia sobre obesidade infantil, Sophie é também autora de O Peso das Dietas (Editora Sensus). Ficou conhecida por soprar aos quatro ventos verdades que contradizem as regras que há décadas nutricionistas e pediatras vêm dizendo.
Nesta entrevista, ela explica por que as dietas causam mais fome e podem levar à obesidade e aos transtornos alimentares, como cuidar da alimentação das crianças sem estressá-las, como fazer as pazes com a comida e com o corpo, por que o autoconhecimento é importante nesse processo e revela as mais importantes pesquisas nessa área.
Outono e inverno são estações que tendemos a comer mais. Seu consultório está muito cheio agora?
Não vejo muitas sazonalidades. Normalmente é assim: a neura do “projeto verão” começa em outubro. “Eu preciso secar para estar bonita na praia”. Dezembro vem com Natal, e ceia de Réveillon, as pessoas entram na restrição, depois voltam a comer demais, depois restringe de novo, vão para a praia, aí vem carnaval, festa, festa, festa, … Aí o corpo está o tempo todo uma sanfoninha. Mas depois do carnaval e das férias a procura é maior.
A procura pelas dietas?
Não, porque eu trabalho sem dietas. Eu escrevi um livro O Peso das Dietas onde falo sobre isso. Desfocando do peso, acontecem coisas muito interessantes, o peso cai. Têm estudos sobre isso, mas o paciente tem muita dificuldade em acreditar. Eu digo: “não se pesa, desfoca, pensa em outra coisa”. É melhor não se pesar o tempo todo. Se você pensar nos seus avós, eles não tinham balança em casa. Ter uma balança em casa, portátil, que se coloca no banheiro, é uma invenção recente que não está fazendo bem.
Por que não?
Porque a gente está se medindo pelo número. Eu tenho muitos pacientes que saem da ducha se sentindo bem, aí pisam na balança e acabam com o dia. Olha a importância que se dá a esse número. Porque, na realidade, é um número. Não deveria ser o ditador de como você se sente. Se você se sente bem você não precisa se pesar. Quando você desfoca, o peso cai. O meu trabalho é ajudar a pessoa a se conscientizar de: “como eu estou? Será que eu estou com fome?”. Em vez de pedir para a balança: “como eu estou?”. E a balança responde: “gorda”. Aí acaba com o seu dia. Tem um estudo muito legal com jovens.
Como é esse estudo?
Pegaram uma turma de mulheres jovens, de 18 a 20 anos, e perguntaram: você se sente gorda ou você se sente bem? E todas eram mulheres jovens na faixa normal de peso, sem nenhuma obesidade, ou qualquer coisa desse tipo. Catorze anos depois eles foram encontrar essas mulheres. Todas que se achavam gordas tinham engordado e as que se achavam bem não tinham engordando tanto. Uma das discussões do artigo é: pensar que você é gordo te faz engordar. Porque você entra em uma sensação de que você precisa se controlar e acaba entrando em condutas alimentares que não são adequadas. O caminho da paz, do peso saudável e da relação tranquila com a comida e com o corpo vêm através do autoconhecimento. Eu estou nessa missão, mas parece que estou sendo muito pouco escutada.
Por que você tem essa impressão?
Eu nunca vi dietas tão restritivas. Agora estão cortando tudo: glúten, lactose,… Agora tem o jejum intermitente que é a dieta da moda. Você fica de jejum e não come, emagrece! Quando você está passando por restrição, seja de caloria ou de grupo alimentar (como cortar carboidrato, por exemplo) ou mesmo restrição dos pais (que dizem: “não pode, não pode”), na realidade, o que acontece no seu corpo é um estresse, um aumento do apetite e uma diminuição do metabolismo.
O que isso quer dizer? Coloca você no sentido de engordar. É muito interessante isso! Quando se faz dieta restritiva, você tem mais apetite. E o apetite fica maior mesmo depois de um ano da pessoa de ter voltado a comer normalmente. Eu comecei meu ativismo defendendo as crianças porque o doutorado que fiz na USP, em 2010, foi sobre obesidade infantil. Eu comecei dizendo: “não façam dietas em crianças”. Porque você enlouquece o cérebro. A criança já está em crescimento, ela precisa comer. Se você estressa uma criança frente à comida, o resultado vai ser ela ter mais apetite e comer escondido.
Como assim o cérebro enlouquece?
As crianças falam assim: “Dra. Sophie, eu quero emagrecer, mas não consigo parar de pensar sobre comida.” Criança restringida vai ser obcecada por comida, o cérebro faz questão dela não esquecer, é por isso que ela vai comer escondido. O fato de estar na restrição, de passar fome, dessa fome não estar respeitada, aumenta o apetite e aumenta a obsessão por comer. Se você restringe uma criança você pode criar obesos ou um transtorno alimentar que pode ser a anorexia e a bulimia.
E hoje a gente vê que a melhor prevenção, tanto para a obesidade quanto para o transtorno alimentar, é fazer as pazes com a comida. Eu trabalho com obesidade e trabalho com transtorno alimentar e, na realidade, não tem muita diferença, é o mesmo discurso: fazer as pazes com a comida, respeitar o corpo, respeitar a fome, comer, prestar atenção na fome, incentivar a comida de verdade, se tiver vontade de comer um doce, come um doce, …
Muitas vezes, os pais, com boa intenção de ajudar aos filhos a não engordar demais, acabam criando um apetite sem fim, uma vontade de comer escondido e um ganho de peso. Depois, quando adulto, é preciso que haja um reposicionamento diante de si mesmo, retomar o prazer de comer, de não fazer dieta, de se escutar, de voltar a ter autoconhecimento, a saber se respeitar. Porque, com essas dietas, você entrega a sua fome a outro, que vai decidir por você, que vai falar: você tem que comer isso, isso não pode, coma a cada três horas,… Então, você está terceirizando a sua fome e a sua fome é sua.
E você tem que voltar a se conhecer: será que eu estou com fome?; Fome de que?; Será que é realmente fome ou é tristeza?; Por que eu quero esse chocolate?; É isso o que eu trabalho no consultório, com um processo de reeducação comportamental.
Você pode explicar como funciona?
É reorganizar o seu ritmo biológico. Aprender a respeitar a fome, a saciedade e a satisfação. O que é que você quer? Será que é uma vontade ou você quer comer para aliviar uma dor, uma tristeza? Porque muitos não sabem. Estão tristes vão comer, tô com estresse vou comer, tô feliz vou comer, tô cansado vou comer, tô com tédio vou comer. Quer dizer, está tudo misturado. Se você faz dieta uma vez você já perde o que chamamos de comer consciente, que é voltar a sentir saciedade e fome.
A gente nasce com essa consciência intacta. O bebê quando está com fome, grita. Quando mama, fica satisfeito, para de mamar. E você pode insistir, mas ele não vai comer. Essa consciência é inata, nascemos assim. Agora, se começar a desrespeitar isso, fazendo dieta, fazendo restrição ou mesmo os seus pais querendo te proteger da obesidade infantil – porque hoje a gente escuta tanto isso -, você perde essa habilidade e vai pensar em comer. Porque o alimento vira uma recompensa. E é isso o que faz engordar: é o comer sem fome.
Quais dicas você pode dar ao leitor para ele começar a resgatar essa consciência?
A primeira é parar de fazer dieta (rsrsrs). As dietas restritivas. Eu estou sempre falando das dietas restritivas, que são as dietas feitas no intuito de emagrecer, como as que cortam calorias ou carboidratos ou um grupo alimentar ou que fica orientada no tudo diet, light. Então, não fazer dieta, cozinhar e comer de forma mais natural e alimentos mais verdadeiros são as três dicas que eu dou. Agora, a pessoa que está muito perdida, precisa buscar ajuda de um terapeuta ou de um nutricionista comportamental para resgatar essa sensação. O que eu uso é o diário alimentar.
Como funciona esse diário?
Anotar diariamente o que você come, como você se sente, qual grau de fome você tem, como foi o seu dia com relação à comida e com relação à fome. Para se autoconhecer, para resgatar as sensações, voltar a ter uma consciência alimentar. As pessoas comem por hábito, nem param para comer, não sentam, comem andando. Para prestar atenção um pouco mais sobre essa consciência porque a gente tem que curtir o nosso corpo, quando estamos com fome precisamos alimentá-lo, trata-lo bem. Muitas pessoas são desligadas e o corpo está sofrendo. Porque o corpo tá gritando, tá com fome e não recebe alimento. E aí, quando vem a oportunidade, pode-se comer o dobro. Tem um estudo em crianças que eles pegaram meninas de 5 anos e separaram em dois grupos, mas eles separaram em função da mãe: mães mais restritivas e mães mais responsivas.
E quais foram os resultados?
A mãe restritiva é a mãe – que é a que a gente mais vê – que decide o quanto o filho vai comer, que diz que ele não pode repetir, que doce só uma vez por semana, ou seja, que dá esse tipo de regras, que não respeita a fome da criança. O outro grupo, das mães responsivas, respeita a fome das crianças. Elas vão cuidar dos horários, da qualidade, mas na hora de comer a criança é a dona da fome. Por isso chamamos de “responsiva”, respeito à criança e a criança se autorregula. Se está com muita fome, ela vai pedir para repetir e tudo bem. Um dia não quer comer e tudo bem.
Agora, se não almoçou e quer comer bolo às duas, três e quatro da tarde, aí não, tem que ter um pouco de disciplina, tem horários para comer e horários para brincar. Então é nada até o lanche da tarde. Separando assim, eles viram que o grupo das meninas do grupo restritivo era mais gordo do que o outro grupo. Com 5 aninhos tinham mais peso e um comer sem fome, um comer mais emocional, um comer escondido. E é natural a criança desenvolver isso quando ela não está respeitada na fome dela. E aí, o que é que se cria? Se cria um futuro obeso.
O problema é que a maioria dos médicos pediatras e nutricionistas estão tratando esse problema de excesso de peso com dieta. Estão colocando essas crianças no caminho para engordar. É por isso que quando fui chamada para falar na Câmara dos Deputados, em Brasília, sobre o papel da alimentação na obesidade infantil, eu fui lá e disse: não façam dieta em crianças. Mas não adianta. E no meu consultório, a minha maior dificuldade são os pais, não são as crianças.
Como eles devem agir?
Eu vejo uma permissividade dos pais falando que as crianças pedem para comer doces. Ok, mas não antes da hora de almoçar e jantar, pode ser na sobremesa! Não é questão de proibir, mas, sim de deixar super à vontade. Porque se a criança está com fome e se tem muita coisa para escolher, ela vai escolher o que tem gordura e açúcar, é o que dá energia rápido. Então, é importante enfatizar com a criança os momentos para comer comida. Tem momentos para comer comida e tem momentos para tomar sorvete. Mas não deveria ser todos os dias. É um fato que aqui no Brasil tem horários para muitos lanches, de manhã, à tarde, o tempo todo. Tanto que o Brasil está apontado internacionalmente como o “país do lanche”.
De qual tipo de lanche você está falando?
De bolo, pão de queijo, … Mas estão comendo o tempo todo, não estão deixando o corpo retomar a fome. Essas dicas de comer em três e três horas não fazem sentido. Se você está bem nutrido no café da manhã você não vai ter fome três horas depois.
Anteriormente, você estava falando sobre alimentos verdadeiros. O que são alimentos verdadeiros?
São alimentos que vêm da natureza, que foram pouco processados pela indústria, como legumes, frutas, carne, leguminosas, peixe, grãos, … Então, é importante enfatizar esses alimentos, principalmente em crianças porque são eles que nutrem e até protegem de doenças crônicas, como diabetes e doenças cardiovasculares. Têm muitos estudos que mostram isso e um deles é brasileiro. Quanto mais temos alimentos industrializados no lar mais risco de obesidade. Não é uma questão de calorias, mas sim de qualidade. Me assustei quando cheguei no Brasil, em 2000, com a quantidade de açúcar em todo lugar.
Como é na França?
Na França há a cultura de cozinhar. Se você cozinha, você vai ver que você vai usar mais alimentos verdadeiros. Simples assim. Por isso que as três dicas minhas – não fazer dieta, comer alimentos mais verdadeiros e menos processados e cozinhar – parecem bobagem por ser tão simples. Mas não são simples porque não fazer dieta no mundo de hoje é difícil, porque se estou comendo um bolo sempre vai ter alguém que vai falar: “nossa, você está comendo bolo, vai engordar”. Uma pessoa que tem um peso a mais ela tem vergonha de comer na frente dos outros porque está todo mundo fiscalizando, vigiando o outro. Todo mundo vira fiscal do outro na comida. Então, não fazer dieta não é fácil.
E comer alimentos verdadeiros não é fácil porque a gente tá na correria, tá no trabalho, e se esquece de priorizar a alimentação porque acha que é uma coisa que tem de fazer rápido e não perder tempo com isso. E cozinhar obriga você a planejar, dar um foco melhor na alimentação. Mas também foi mostrado que quem cozinha com alimentos frescos tem muito menos risco de obesidade e diabetes. Esse é um estudo da Harvard (Universidade Harvard, nos Estados Unidos, é uma das mais prestigiadas universidades do mundo) com cerca de 80 mil pessoas. Então, comer alimentos verdadeiros é a melhor prevenção, muito melhor do que fazer atividades e comer tudo diet/light.
E o professor Monteiro lá da USP (Carlos Augusto Monteiro, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo) conseguiu mostrar o que eu te falei. Quando você compara os lares brasileiros, o lar onde tem alimentos mais industrializados é onde tem pessoas com mais risco de obesidade. Então, hoje a gente não pensa em calorias, a gente pensa em qualidade. O que é qualidade? Alimentos mais verdadeiros, voltar à natureza. Seu corpo é feito para lidar com alimentos da natureza, não com alimentos empacotados, prontos. O que a indústria faz é: ela refina e concentra a energia.
Então, a criança, a primeira vez que ela vai tomar sorvete, ela vai adorar. Se você a deixa à vontade para comer o que quer, ela não vai querer alimentos verdadeiros, ela vai querer tudo processado porque a resposta é muito diferente. O cérebro fica muito recompensado com a energia do açúcar e da gordura.
Qual é a solução para lidar com isso de forma saudável?
Os dois alimentos que dão mais prazer ao nosso cérebro e intestino são: açúcar e gordura. Na natureza, não tem um alimento que tenha os dois. O abacate, por exemplo, não tem açúcar, mas tem gordura. O que o homem inventou? O chocolate. É por isso que se você vive muito com esses alimentos é difícil mudar o paladar porque você vai querer sempre essa energia superdensa. Crianças que são deixadas totalmente livres para decidir vão decidir por nuggets, sorvetes, pão com queijo… Agora, se dentro de casa você oferece uma comida gostosa, bem temperada nos horários das refeições, a criança com fome se habitua e come. E aí deixa o sorvete para de vez em quando.
A obsessão por um corpo magro também atrapalha nessa boa relação com a comida?
O modelo de beleza é interessante: no carnaval, um corpo mais cheinho até pode, mas depois é: magreza, magreza, magreza, … A nossa sociedade confunde magreza-beleza com magreza-saúde. Um dos problemas bem fortes que a gente vê no consultório é essa insatisfação corporal. A insatisfação corporal faz você fazer dietas e procurar por métodos para mudar seu corpo como se fosse um material que você pudesse remodelar à vontade. É isso que está vendido: você pode ter o corpo que quiser, é só investir. Investir em dietas, alimentos, produtos, cirurgias… Então, a gente vê que essa insatisfação corporal leva muito lucro. Ela nunca foi tão forte porque a gente tem um padrão cada vez mais magro e esse padrão magro não bate com a fisionomia de uma mulher média no Brasil.
Uma mulher média em qual sentido você quer dizer?
Uma mulher brasileira não tem um corpo como o da Gisele Bündchen. Esse padrão de magreza não bate com o padrão do corpo da mulher brasileira. As meninas jovens não aceitam ganhar bumbum, engordar, ganhar as formas e isso é uma verdadeira catástrofe. A gente vê meninas fazendo dietas cada vez mais cedo. E quando você faz dieta na puberdade você pode despertar ainda mais o que eu te falei, o apetite. É por isso que a gente vê o crescimento do transtorno alimentar nessa faixa etária.
Você acha que isso também tem a ver com os pais, com o que está sendo transmitido de valor?
Essa cobrança corporal, ou seja, a insatisfação corporal e fazer dietas são apontados como um dos fatores da obesidade de hoje. Se você não está feliz com o seu corpo hoje, você vai fazer o que? Você vai buscar uma dieta para resolver, ou fazer uma cirurgia. Então, a insatisfação leva à busca de técnicas, ferramentas para emagrecer rápido, mudar o corpo. Hoje quase 98% das mulheres, o que quer dizer que quase todas as mulheres do mundo, têm insatisfação corporal. Virou uma coisa normal, é normal não se sentir bonita o suficiente, loira o suficiente, magra o suficiente, alta o suficiente, … Nunca é o suficiente. Essa procura leva à tendência de fazer coisas que não são necessariamente saudáveis.
Sophie, isso ocorre só com as mulheres ou com os homens também?
O homem hoje também é alvo de insatisfação corporal. A geração dos seus pais, por exemplo, os homens não estavam nem aí para a indústria da beleza e hoje estamos com um grupo de homens com transtorno alimentar, fazendo dieta, uma coisa que era tipicamente feminina. E tem uma faixa etária de mulheres com transtorno alimentar naquele momento antes da menopausa quando o corpo não responde igual a como era antes, os hormônios caem, o corpo em vez de estar com a cintura fina começa a ficar mais reto, ganha um pouco mais de peso, é um momento de despertar um risco a desenvolver um transtorno alimentar. Então, a gente vê uma anorexia tardia, era uma coisa que não existia antes. São mulheres perto dos 50 que não gostam da mudança no corpo e entram em restrição.
Por isso, quando dizemos “fazer as pazes com a comida” é também fazer as pazes com o corpo e vice-versa. Caminham juntos. Essa insatisfação corporal leva a uma briga constante com o corpo. E uma das coisas que eu mais falo no meu consultório é: aceita o seu corpo, acolhe, aceita, mesmo com o peso a mais, conversa com ele, respeita, tá com fome, nutre… O corpo é tão desrespeitado quando você passa fome e não respeita o mínimo do básico, que é saciedade, vontade, é como se você se impedisse de respirar. A respiração é tão importante quanto comer e comer é tão importante quanto respirar. Respirar a gente nem tenta controlar, mas comer, sim.
A gente está falando de falta, mas o excesso também é desrespeito, né?
Também. A gente vê que a falta de qualidade é um desrespeito. Se você não liga para cozinhar, comer alimentos mais verdadeiros, come só coisas empacotadas, você leva seu corpo a um estresse porque ele não está formatado para lidar com esse tipo de alimento. São alimentos muito mais carregados em energia que vão dar uma resposta glicêmica maior…
É uma mudança de paradigma. A gente achava que era importante fazer um controle permanente de calorias, comer de maneira supercontrolada e hoje a gente vê que não é por aí. Cuida da qualidade e respeita a fome. Tá com mais fome, come mais. Tá com menos fome, come menos. Mas quem é o dono da fome? Você. Não é nem a nutricionista e nem o médico e nem a mãe e nem o zelador – porque está todo mundo palpitando sobre a fome dos outros. Viva com menos regras, com menos restrições, com menos castrações!
Sophie Deram é nutricionista, doutora em obesidade infantil e especializada em Neurociência do comportamento alimentar, autora da obra O Peso das Dietas (Editora Sensus).
Nesta palestra no TED (Technology, Entertainment, Design é um projeto que dissemina conferências de profissionais diversos, divulgados em vídeos de cerca de 20 minutos pela internet), é possível conhecer ainda mais do seu trabalho e da bandeira que ela levanta: as dietas engordam. https://www.youtube.com/watch?v=egITHMR9PmA
CONTATO: www.sophiederam.com