Você conhece a força dos ciclos femininos?

Mulheres são seres cíclicos e, quanto mais alinhadas a esse ritmo natural, mais condições têm de se apropriar de quem são e criar para si uma vida com propósito.

A conversa com Rita Monte vai longe. E que bom! As palavras da terapeuta do feminino sobre os ciclos nos guiam até as profundezas do ser mulher.  Especializada em Terapia Menstrual Madretierra (TMM), além de mentora de círculos de mulheres e autora do livro Memórias do Feminino, ela se maravilha com o fato de nós sermos cíclicas. É contagiante ouvi-la, como você constatará nesta entrevista. Por isso, fiz questão de marcar todas as vezes em que ela riu ao clarear como a menstruação pode ser vista e vivida como potência, não como martírio.

Sim, esqueça por um momento as dores, os desconfortos e os “inconvenientes” atrelados ao ciclo menstrual. Abra-se para o que Rita tem a oferecer, pois ela nos convida a nos reapropriarmos do nosso dom de criar vida, no sentido mais amplo, e de nos reconectarmos com as forças de regeneração do cosmos. Uau! Como ela costuma soltar quando fala sobre o que vem estudando e vivendo, ao lado de muitas mulheres desejosas por despertarem para essa compreensão simbólica, ancestral e transformadora – inclusive as que estão na menopausa. Se você quer reger sua própria vida, então, comece por honrar o seu sangue. E esse começo se descortina a seguir.

O que o ciclo menstrual tem a nos ensinar?

O ciclo menstrual é um oráculo da saúde da mulher. De toda a saúde, não apenas da saúde menstrual. A cor, a textura e o volume do sangue mostram qual é o meu padrão de saúde – porque cada mulher tem um – e quando eu saio desse padrão. Isto é, se eu já tiver alguma intimidade com o meu sangue e se eu conseguir ter uma observação comparativa entre ciclos. Assim ele antecipa informações e expressões de algum desequilíbrio do corpo, que, se você presta atenção, talvez nem precise deixá-lo se manifestar em doença. Você pode cuidar antes. Então, se apropriar do ciclo menstrual é, em primeiro lugar, um movimento de autogestão da própria saúde. E isso é enorme!

Seu entusiasmo em relação aos ciclos femininos é contagiante, ao contrário do que costumamos ouvir sobre a menstruação, cercada de queixas relacionadas aos desconfortos que ela pode acarretar. De onde vem essa compreensão?

Quando eu falo que é enorme uma mulher se apropriar da própria saúde, falo isso incluindo toda a história das mulheres. Nos incluindo dentro da nossa história. A história da ginecologia afastou nós mulheres da sabedoria do nosso corpo e nos fez crer que um outro, em geral, um homem, sabe mais sobre a regulação hormonal, sobre os órgãos femininos, sobre a sexualidade feminina. E, quando uma mulher começa a voltar para o seu corpo e a fazer isso através da observação do seu ciclo menstrual, ela está trazendo de volta algo que por milênios foi soterrado, que é a autogestão da nossa saúde por meio da intimidade com nosso próprio sangue, com os órgãos femininos.

Como era a relação das mulheres com seus corpos e com o menstruar milênios atrás?

Estou me referindo às sociedades pré-patriarcais, sobre as quais existem tão poucos estudos, especialmente as sociedades matrilineares, que traziam as mulheres para uma posição de visionárias em suas comunidades, de lideranças, de decisoras, tomando decisões para toda a comunidade – o que plantar, em sociedades já sedentárias; para onde ir para fazer coletas, nas nômades e coletoras. Estou trazendo esse contexto histórico para dizer do impacto que é uma mulher voltar para o seu ciclo menstrual, se sabendo mulher e dizendo: Chega! A partir de agora vou conhecer o meu corpo, vou ficar íntima dos meus ciclos e, sim, vou procurar ginecologistas que dialoguem comigo, que me ouçam, que considerem a minha observação como um elemento para compor a leitura, o diagnóstico que esse profissional vai ter. E isso – uau – muda muita coisa!

E o que podemos aprender em termos psíquicos e espirituais?

Esses são presentes preciosos para as mulheres que têm curiosidade e que se permitem ser responsáveis por sua própria saúde. Eu sou responsável pela minha vida e meu ciclo menstrual pode me mostrar na concretude o quanto estou sendo íntegra com as minhas vozes mais profundas que me dizem do que eu preciso, o que eu desejo, qual é o meu próximo passo no caminho de me tornar mais eu mesma, cada vez mais inteira como pessoa sendo mulher. Tudo começa com a curiosidade de dizer: “Agora vou deixar meu ciclo menstrual livre de hormônios, se eu puder fazer isso”.

Nesse momento eu me sinto com estabilidade emocional suficiente para fazer métodos de percepção de fertilidade, por exemplo, e não usar nenhum tipo de DIU ou nenhum outro método a não ser eu perceber quando estou ovulando e quando não estou. Que autoconfiança grande na própria autorresponsabilidade. Então, para chegar aí, nesse ponto, uma mulher está pronta também para usufruir dos aprendizados psíquicos e espirituais que a menstruação traz.

Esses aspectos estão sendo bastante falados hoje em dia nas mídias sociais, nas redes, pelo menos, sobre as quatro propensões mentais que se tem ao longo de um ciclo, os arquétipos lunares, as meditações de lua cheia, as meditações de ativação do útero, todas elas práticas que se pautam nas sutilezas do que significa ser uma pessoa cíclica, ou seja, estar com seu sangue livre para acontecer na sua vida e, portanto, você se apropriar da sua fertilidade.

No entanto, a prática desses aspectos é complexa e diz respeito ao que eu aprendo quando realmente começo a perceber essas forças cíclicas que regem tudo o que é vivo na natureza, inclusive um astro fora do planeta e que me guia,  pessoal e individualmente, que é a lua. O que acontece comigo quando eu começo a ciclar junto com a natureza e junto com a lua?

O que acontece?

A menstruação é um ritmo para as mulheres, para pessoas que se identificam com ser mulheres, para pessoas que nasceram com útero, com um sistema feminino, mas que se identificam com outro gênero, mas que estão, sim, usufruindo do que é ser cíclica e reverenciando esse princípio que faz com que a vida seja cíclica. Eu chamo esse princípio de feminino. Então, para todas essas pessoas menstruar significa – ou poderia ser mais visto como – adotar um certo ritmo. Um ritmo que tem um momento de expansão e um momento de contração, que me coloca para fora na minha vida e depois me coloca para dentro, ou vice-versa, não importa a ordem, porque é cíclico [risos], não é linear, primeiro uma coisa depois outra.

É um ritmo que tem um impulso de contração e expansão e tem um objetivo que é criar, que é gerar vida nova na vida, o que inclui morrer para poder renovar. Esse ritmo acontece desde muito cedo na vida de uma mulher.

Na biografia feminina, a entrada nesse ritmo – que vai ficar pulsando pelo resto da vida da mulher, e vai ser transformado na menopausa, mas não vai parar – é algo estrondoso, é gigantesco o que muda na vida de uma pessoa que começa a ciclar. A própria percepção de que eu sou várias durante um ciclo menstrual, de que eu me sinto de vários jeitos diferentes, de que tenho vontades, forças, inteligências, desejos e necessidades diversos e diferentes e que se repetem ciclo a ciclo e formam padrões, isso, quando apropriado, muda completamente nossa relação com o tempo.

É uma pena que as meninas não sejam ensinadas a olhar para a menstruação dessa forma…

Na menarca, que é a primeira menstruação, raríssimas vezes as meninas têm essa leitura do que está acontecendo com elas: “Bem-vinda à vida cíclica! Bem-vinda a uma vida que tem um ritmo e o seu ritmo vai mudar agora. Bem-vinda, eu estou aqui com você para te ajudar nisso como uma mulher mais velha”.  E, no entanto, as meninas precisam lidar com isso, lidar com uma, como chamam, variação hormonal, variação de humor, de emoções. Não é uma variação como se isso fosse ruim, como se tivesse que ser linear e achatado, não, é uma variação que tem uma finalidade [risos]. Então, se eu estou mais expansiva e depois mais reflexiva e depois na minha concha e depois eu renasço com força total, uai, isso tem uma serventia e um objetivo.

Essas variações todas existem com uma finalidade criativa, uma finalidade que ajuda as melhores inteligências, pontos de vista e predisposições psicofísicas a estarem presentes naquele momento do ciclo para que no ciclo inteiro algo seja criado.

A menopausa também é uma fase cercada de estigmas e desinformação…

Não importa se você está em menopausa, se você vai começar a menstruar, se você está grávida e não está menstruando, a menstruação é um organizador da vida feminina e tem muitas benesses em organizar a própria vida dentro do ritmo cíclico. O sangue é um fator fundamental na nossa vida e ele continua no corpo de uma mulher depois que ela para de menstruar, afinal de contas [risos]. Mas sua energia vital está sendo dirigida para outros tipos de criação que não precisam de óvulo. É outra coisa agora, a mulher em menopausa retém a energia que antes era empreendida para gerar uma ovulação e uma menstruação. Mas, deixando de sangrar, é muito importante, sim, que a gente continue falando do sangue menstrual.

Mesmo uma mulher em menopausa que não vai mais ter a fisicalidade de poder tocar o seu sangue, ela tem sua memória e ela tem curas a serem feitas sobre a sua relação com a sua fertilidade, que continua, mas não está a serviço de gerar bebês. Agora é gerar muitos outros frutos e que passa, sim, por todo um sistema uterino, ovárico, pelas mamas, enfim, eles continuam ali pulsando junto. Há uma riqueza simbólica do sangue menstrual como um lugar que guarda toda a informação genética da nossa linhagem, inclusive, quando a gente deixa de sangrar. A menstruação, em síntese, é um lugar central na nossa construção biográfica feminina e pode ser revista a qualquer momento, mesmo se eu tiver deixado de sangrar.

Saiba como a aromaterapia pode beneficiar as mulheres que estão atravessando as mudanças geradas pela menopausa.

Tudo isso é tão profundo! Como essa percepção reverbera na vida?

Quando a gente se apropria da nossa menstruação, a primeira coisa é se sentir em sincronia com algo maior que si mesma, O ‘pra que” do design tão sofisticado do corpo feminino é o mesmo “pra que” que promove a menstruação e é também o mesmo “pra que” que promove os ciclos, a Terra girar num certo eixo e ter uma certa força de campos magnéticos de atração das órbitas da lua, do sol e de outros planetas, de girarem numa certa velocidade, que traz um certo ritmo de luz e sombra e que afeta a minha glândula pineal, sabe? [risos], e que afeta tudo o que cresce na Terra, inclusive seres humanos.

Portanto, quando eu presto atenção no meu ciclo menstrual, estou me sentindo um microcosmo do que acontece em escala universal, uma pulsação cíclica de vida-morte-vida e confio nisso, que é tão orientado para sustentar a vida viva. Ao sentir isso pulsar, me dar o ritmo da minha vida, eu ganho um lugar, primeiro no meu corpo, depois, na minha história, na minha linhagem e, por fim, no planeta, no cosmos, que é só meu, que se abriu para me receber e isso, se sentir pertencente, vista, reconhecida, desejada pelo cosmos é algo que remove qualquer registro de desconexão. Por isso, traz as condições necessárias para que a gente não tenha mais medo das nossas próprias vozes, dos nossos desejos profundos, das nossas próprias visões. E plante isso no mundo, encarne isso e faça aquilo que a gente nasceu para fazer.

Qual a diferença entre menstruar com consciência e sem ter nenhum conhecimento sobre os aspectos emocionais e simbólicos da menstruação?

Tudo feito com consciência me traz mais conhecimento, mais recursos, mais apreciação da experiência que eu estou tendo. Ao entender que eu terei predisposições diferentes ao longo do meu ciclo, vou estimular mais atividades de recolhimento quando eu estiver recolhida e estimular mais atividades ou encontros, compromissos e entregas quando eu estivar com mais predisposições de estar mais extrovertida.

Portanto, eu não me culpo mais, por exemplo, por não estar tão expansiva quando estou no momento pré-menstrual ou menstrual. Eu coopero mais com as energias do pré-menstrual e do menstrual entendendo o valor do descanso, o valor dos passos atrás para uma reflexão, como é o pré-menstrual, o valor de ser mais seletiva e não dizer sim para tudo. Então, eu vou compreendendo e cooperando com o meu ciclo e, portanto, aproveitando mais os momentos do meu ciclo como inteligências, como potências, como algo que vai contribuir para que eu tenha uma vida mais saudável e, inclusive, tenha relacionamentos mais saudáveis.

Ao mesmo tempo, vou compreendendo o que meu corpo me pede e cooperando com ele, mesmo que a sociedade inteira me diga que eu preciso ser linear, estável e que ser sensível e emotiva é inapropriado. Não! É super adequado para o pré-menstrual ser sensível, é super adequado ser intuitiva para o menstrual. Super. Absolutamente. A intuição é uma das grandes inteligências que se aprimoram se eu menstruo com consciência. Nossa! Isso beneficia todas as outras inteligências de todos os outros momentos do ciclo. A intuição beneficia minha racionalidade, minha produtividade, meu foco, meu discernimento, minha disposição para pôr a mão na massa, meu conhecimento sobre o que me dá prazer, como me entregar mais, enfim, mil coisas [risos]. Então, quando eu menstruo sem consciência eu posso cair na percepção de que a menstruação é apenas um fenômeno fisiológico e isso achata tudo.

Como podemos nos conectar mais profundamente com os nossos ciclos femininos?

Quero destacar aqui, não só o ciclo menstrual como um ciclo, mas como é que você, mulher que está em menopausa, sente que está ciclando junto com a natureza, junto com o ciclo da lua, por exemplo? Para as mulheres que me chegam em menopausa a gente trabalha a ciclicidade através do ciclo da lua. Então elas leem mais suas vidas e o que aconteceu com elas num ciclo usando o ciclo de lua nova à lua nova. Isso é verdadeiro, é um marcador de tempo, ao passo que para as mulheres que ainda ovulam e menstruam seu marcador de tempo é como elas estão usando cada oportunidade de trazer uma semente para o mundo, como uma oportunidade de criar. Então, os ciclos mostram como a gente se localiza no tempo e no espaço nas nossas vidas.

Como a gente pode se conectar mais profundamente? Observando e registrando os ciclos. O que está acontecendo na sua vida agora e que caminho isso cumpre de nascimento, desenvolvimento, maturação, reflexão, poda, morte e renascimento? Isso é o caminho cíclico. O modo de se observar o ciclo menstrual é concreto, pois você tem o sangue, tem o óvulo.

Tanto as marcações de menstruação quanto de ovulação são importantes para você conhecer melhor como você está caminhando naquele ciclo e o que o seu corpo, seu sangue está te mostrando. Se doeu aquela menstruação, por que doeu? Será que no pré-menstrual você não se recolheu o suficiente, não se nutriu o suficiente? Uma força cíclica do pré-menstrual é a nutrição, se nutrir daquilo que te faz bem, então é dizer seus “nãos” para tudo aquilo que você estava dizendo sim à sua revelia e dizer seus “sins”, mesmo que eles “causem”. Então, a observação do ciclo menstrual é fundamental e é desse jeito que você vai se aprofundar no autoconhecimento através do seu corpo. Comece agora.

Aprenda a filtrar os estímulos que chegam até você e a se nutrir do que realmente lhe faz bem.

Quais são as ferramentas práticas para isso?

Existem vários instrumentos que nos ajudam a fazer essa observação. A mandala lunar hoje em dia tem sido um dos mais conhecidos. Mas ela é lunar, ou seja, se pauta pela lunação do céu, então você usa esse marcador da lua nova à lua nova como um framework para você colocar o seu ciclo menstrual ali. Eu particularmente prefiro usar a bússola menstrual, que é uma ferramenta que eu criei dentro do meu trabalho, para as mulheres que eu atendo e que conjuga a observação do seu ciclo, do tamanho que o seu ciclo é, não do tamanho do ciclo da lua, de 28 dias e meio. Isso te faz observar qual é o tamanho do seu ciclo menstrual e aí a partir dele a gente inclui as luas também que regeram as fases do seu ciclo menstrual.

A gente faz um casamento da lua de fora com a lua de dentro e tem toda uma leitura em cima disso. O que aconteceu no dia em que eu menstruei? Que eventos? Como eu me senti? O que aconteceu quando eu ovulei? O que aconteceu no pré-menstrual? E sabendo dos arquétipos que regem cada fase (Donzela, Mãe, Feiticeira e Anciã), sabendo das forças cíclicas que regem tudo da natureza, inclusive a gente como mulheres, eu consigo entender se aquilo que aconteceu em cada fase (folicular, ovulatória, pré-menstrual e menstrual) se distancia ou se aproxima dessas forças.

Ler os nossos ciclos significa se localizar na própria vida e conseguir entender melhor os próximos passos, organizar melhor minha caminhada daqui pra frente quando eu entendo de onde eu vim, quando eu olho para trás. A gente pratica mesmo o princípio feminino: eu só consigo caminhar para frente se eu olhar para trás e honrar minha caminhada pregressa e, no sentido mais amplo, se eu também incluo a caminhada das minhas ancestrais como parte da minha. Assim recebemos força de toda a vida e de toda a nossa linhagem para, talvez, fazer algo inédito para as mulheres da nossa família e para o nosso momento de vida, rompendo com alguns padrões.

Que mudanças costumam se manifestar em mulheres que buscam uma conexão mais consciente com a menstruação?

A primeira coisa é a autorresponsabilidade. Essa força vem com doçura, não com peso, vem com prazer: “Nossa! Olha que incrível que é “eu sou cíclica e eu sei o que isso significa para mim”. Uau! Aí essa autorresponsabilidade vai nos dirigindo muito gentilmente pra gente desvendar cada vez mais os mistérios que a menstruação guarda. Que tipo de limpeza é essa sanguínea? Nós mulheres temos uma técnica orgânica que purifica o nosso sistema, o nosso corpo, a nossa vida, cada vez dentro de um ciclo. Como eu aproveito essa purificação? O que mais eu posso trazer com intenção para o meu sangue purificar do meu sistema? Uau! Esses “uaus” começam a vir quando você começa a voltar para o seu corpo e prestar atenção nele, se apropriar do seu ritmo, se apropriar do seu sangue e se abrir para se maravilhar, porque é maravilhoso.

E o maravilhamento, quero dizer, incluindo os desconfortos, incluindo se o seu corpo manifesta alguma dor, porque se você presta atenção nessa dor, você está num caminho de saúde; se você a ignora, quer abafá-la, você não está num caminho de inteireza, de saúde. Então, é maravilhoso, sim, poder pegar o pulso da sua saúde, da sua vida, da sua felicidade, da sua inteireza, com a sua voz, a cada menstruação, porque é isso o que ela traz de possibilidades. Quando eu vejo as mulheres se apropriando dos seus ciclos menstrual e de menopausa, eu as vejo cada vez mais donas de si mesmas e uma mulher dona de si mesma tem algo que muda no olhar dela:

  • Ela tem uma presença que mostra que não tem nada ali faltando nela.
  • Ela está querendo, sim, se tornar mais inteira, mas não que tenha algo faltando.
  • Ela não está vítima, ela não está sem ela. Ela está com ela [risos].
  • Ela sabe que pode contar com si mesma, sabe que faz parte de algo maior e sabe que pode ser sua própria curadora.

E pensar que a biologia feminina ainda está tão atrelada à maternidade…

O útero tem serventias para muito além da gestação. A vida da mulher é muito mais do que ser mãe, muito mais do que gestar. Isso é um olhar cultural, não a intenção que desenhou o útero no corpo feminino a fim de resguardar o vazio, fundamental para criar, para criar tudo, não só bebês. Então, o útero é um lugar de criação. Por isso, ela é orquestrada com um sistema hormonal, endócrino, de certos hormônios que só são produzidos com a ovulação e que são fundamentais para manter a saúde da mulher depois que ela parou de menstruar na menopausa, entre mil outras coisas importantes para a saúde global da mulher. Pra gente ter energia para criar, pra ter energia para ser quem a gente é e se realizar, fundamental resguardar a inteireza do útero.

Quando eu começo a voltar para o meu corpo vou compreendendo não racionalmente essa serventia muito maior. As tradições indígenas americanas atribuem ao útero uma nuvem de informação acessível por todas as mulheres que tiverem curiosidade e intuição aprimoradas para consultar as suas memórias uterinas e aprender com as mulheres que vieram antes para não terem que repetir alguns caminhos de sofrimento, de silenciamento, de abusos e para inaugurar caminhos potentes de relação com o mundo sendo mulheres. Essa mulher vai ser tão dona de si que ela vai escolher muito bem os profissionais, médicos, médicas, que vão ser parceiros, parceiras dela em todas as decisões que ela tiver que tomar em relação a sua saúde feminina. Além de escolher muito melhor seus parceiros sexuais, com quem ela quer realmente construir uma vida de parceria.

Por falar em parceria, entenda por que a harmonização dos princípios feminino e masculino dentro de todos nós é fundamental para o amadurecimento psíquico e para uma vida de realizações no mundo concreto.

Rita Monte

Curadora, filha, irmã, amante, esposa, amiga, mãe, comadre. Terapeuta do Feminino, Rita entrelaça saberes da Psicossíntese, Fenomenologia Goetheana, Terapia Menstrual Madretierra, Técnicas de Respiração Ovárica, Meditações. Além disso, ela possui conhecimentos profundos sobre os chakras com o Tantra Yoga. Também se formou no Feminino no TeSer e no Conselho das Anciãs das Treze Luas.

Por volta de 2014, a partir da maternidade, orientou sua experiência para priorizar o acompanhamento de Mulheres em Transição, iniciando sua atuação como Terapeuta do Feminino.  Assim, Rita acompanhou em processos longos mais de 1000 mulheres-mães que toparam a aventura de ser tudo o que podiam ser, através da maternidade, com as 17 edições do CGM – Coaching em Grupo para Mães.

Desde 2016, coordena o Pulso, programa de Terapia para Mulheres voltado para nos apropriarmos de nossas Inteligências Cíclicas. E, em 2020, lançou o PRUMO – Você em um Novo Centro, programa para mães originado da experiência do CGM, o único programa digital para mães que conserva a riqueza de um processo em círculo de mulheres.

Também oferece mentorias, meditações e rituais. Agora em torno da pitangueira que abençoa sua morada em Demétria, bairro localizado em Botucatu (SP) e orientado pelos princípios da Antroposofia.

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Instagram: @_ritamonte

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