Rituais para iluminar o ano novo

Com disposição e leveza de espírito, abra-se para as transformações necessárias, afinal somos seres em evolução neste planeta. Assim podemos abençoar mais um ciclo, dedicando a ele o nosso melhor.

A virada do ano se aproxima, trazendo com ela a bem-aventurança de atravessarmos mais um portal em nossas vidas.  Antes de inaugurarmos o novo ciclo, poderemos olhar com gratidão para tudo o que vivemos no ano que se encerra – ou deixamos de viver – e só então seguirmos em frente com o espírito reabastecido de esperança em dias melhores para todos nós.

Para fazer essa passagem da maneira mais significativa possível, podemos contar com os bons auspícios dos rituais, marcos simbólicos que acompanham a caminhada humana desde tempos imemoriais e que nos permitem aprofundar nossa relação com os mistérios da existência e as forças que nos impulsionam.

“A função dos rituais no nosso dia a dia é dar ritmo e organização para que a nossa ligação ou conexão com o Sagrado seja eficaz e faça sentido”, explica o sacerdote de Umbanda, Adriano Camargo “Erveiro”.

Não precisa ser nada muito elaborado. O que vale é a forma como ele é preparado e conduzido, de preferência, com determinação, atenção, dedicação, espírito e alma. “Ao acender uma vela ao Anjo da Guarda, por exemplo, não apenas colocamos fogo no pavio; nós paramos, respiramos, nos posicionamos e aí sim, ao acender a vela, nos dirigimos a um poder, no caso o anjo da guarda. Vemos aí um ‘ritual de conexão’ com este ser de luz”, detalha o religioso.

Nessa época do ano, buscamos iluminar os cantos mais escondidos da nossa alma, resgatando o que careceu de amor, paciência, humildade, entendimento e assim por diante. Por isso, os verbos agradecer e perdoar são tão requisitados. Afinal, ambos reconciliam, trazendo paz aos nossos corações.

Gratidão por inteiro

Quando agradecemos por tudo o que aconteceu num ano, tanto as coisas que nos alegraram quanto as que nos chatearam, assumimos a realidade que é a nossa naquele estágio de nossas vidas. “É querer estar bem consigo mesmo e ter consciência de acertos e erros, de realizações possíveis e impossíveis e de tudo o que poderia ser feito e não foi, por procrastinação ou impedimentos provocados por nós mesmos”, pondera Adriano.

Segundo ele, esse balanço honesto nos ajuda, por um lado, a sentir verdadeira paz de espírito e alegria com o que realizamos, e, por outro, a olhar com seriedade e “não conformismo” ao que nos propusemos, mas, por algum motivo, deixamos passar.

Mas nada de se sentir culpado ou incapaz. Por favor! A ideia primordial desse exercício é encontrar os pontos vulneráveis que nos levaram a esse estado e destacá-los como prioridade de “manutenção” para o próximo ano. “É importante ajudar a si mesmo a se libertar dos pesos desnecessários, culpas e medos, não escondendo pra baixo do tapete a sua realidade. Os rituais de passagem nos ensinam que, para continuar a viagem, precisamos revisar a bagagem. A alegria e o bem-estar que esse ‘agradecer’ nos proporciona é combustível certo para que as resoluções de ano novo sejam atingíveis”, encoraja o religioso. 

Consciência e humanismo

Também podemos estender nossos votos de ano novo para o coletivo, a família humana tão necessitada de diálogo, empatia e compaixão. “Somos todos um único organismo e, quando uma parte sofre, todas as outras tendem a perecer. Portanto, cuidarmos uns dos outros faz parte da natureza humana. Rogo para que cada vez mais a gente compreenda nossa natureza”, confessa Adriano.

Ele explica que o humanismo ampara a vida na sua natureza e em todos os sentidos e direções. A fé, o conhecimento, o amor, a razão, a lei ou organização, a justiça ou equilíbrio, a sabedoria ou evolução, a geração ou simplesmente a vida são virtudes que nos constituem.

Podemos até nos afastar delas. Porém, a natureza humana é o bem, e todas as virtudes. “Estar fora do bem e das virtudes é escolha, afinal cada ser humano é dotado dessa capacidade, que é orientada pela sua consciência. Quem está fora do bem é porque ainda não compreendeu, com consciência, sua própria natureza”, sustenta o religioso.

Então, que no ano vindouro o bem se multiplique, fortalecendo as consciências e, por conseguinte, as escolhas e as ações humanas na Terra.

Nesta virada de ano, inspire-se a cuidar do espírito e a resgatar a capacidade de sonhar.

Aprenda a energizar um arranjo floral

É possível abençoar a casa de várias formas para que dela emanem as energias de amor, harmonia e unidade presentes na natureza. Que tal fazer isso ativando um vaso de flores de forma sagrada?

1 – A permissão ou ligação: Momento em que colocamos o vaso com flores no lugar preferido da casa e respiramos profundamente, nos desligamos por instantes do cotidiano e nos dirigimos, reverente e respeitosamente, ao Poder Realizador, à Divindade:

– Amado Pai Criador, Sagrada Mãe Natureza! Em meu nome e de minha família, peço, reverente e respeitosamente que…

 2 – A evocação ou clamor: Momento em que colocamos a intenção, determinada, clara, objetiva, para a conexão com as “forças da natureza”:

– … Que essas flores sejam força viva, ativa, capaz de concentrar e irradiar nessa casa e na nossa família, suas vibrações benéficas, salutares, de paz, harmonia, saúde e prosperidade. Que os seres da natureza possam, por meio dessas lindas flores, atuar nesse ambiente, filtrando possíveis acúmulos energéticos negativos e curando-o continuamente para que a gente possa se sentir bem, amparados, guardados e protegidos de todos os males da matéria e do espírito, pelo vosso Poder Divino.

3 – A finalização: Depois das determinações, encerra-se o momento de conexão com o Sagrado, permanecendo alguns instantes em silêncio e agradecendo:

– … Agradecemos as bençãos, amparo, força e proteção de Deus Pai Criador, Mãe Natureza e seus Mistérios Divinos. Amém, que assim seja e assim será! Muito obrigado, muita gratidão!

Ritual de Réveillon

Procure enfeitar a mesa de Réveillon com flores variadas e sete tipos de grãos, por exemplo: trigo, grão-de-bico, sementes de girassol, feijão, arroz, grãos de café (pode ser torrado), semente de guaraná etc… Ative-as pedindo se sejam força viva, ativa e capaz de concentrar bons fluidos e que eles permaneçam em sua casa e em sua família.

No primeiro dia do ano, faça um círculo com esses sete grãos, colocando uma vela de sete dias de cor amarela no centro, onde você poderá colocar seus pedidos (conscientes, claros e objetivos) escritos em papel, embaixo da vela que deverá estar em um prato claro.

Quando a vela terminar, junte os grãos e deposite-os embaixo de uma árvore frondosa, oferecendo aos elementos da natureza.

Mantenha suas metas escritas perto de você, afixadas em lembretes, não de forma que seus olhos se acostumem e depois deixe de vê-las, mas de maneira que realmente te lembrem que você é filho de Pai Criador e de Mãe Natureza, e que, portanto, merece ser feliz!

Aproveite o fim de ano para colocar sua casa em ordem e renovar as energias do seu lar.

Adriano Camargo “Erveiro”

Sacerdote de Umbanda, dirigente do Templo Escola de Umbanda “Ventos de Aruanda”, localizado em São Bernardo do Campo, São Paulo.

Escritor e autor do livro Rituais com Ervas – banhos, defumações e benzimentos (Ed. O Erveiro – 10ª Edição).

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Instagram:  @adrianoerveiro

Facebook: O Erveiro

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