Hora de resgatar a liberdade
Após meses cerceados por uma série de limitações impostas pela pandemia, temos agora a chance de visitar o nosso íntimo e lá encontrar clareza para as nossas escolhas daqui pra frente.
O que um pássaro deve sentir ao atravessar a porta da gaiola, esticar as asas e voar na direção que bem entender? Neste momento planetário, cada um de nós está tendo um vislumbre do que as aves provavelmente sentem ao deixar o cativeiro. De tão intensa, essa sensação pode mobilizar emoções simultâneas, que carecem da nossa atenção. Daí a importância de conversas como a intitulada “Como andam seus pensamentos sobre liberdade nessa fase pós-pandemia?”, live que uniu Sandro Bosco, professor de yoga e meditação, e Luciana Chammas, terapeuta floral e diretora da Healing Essência Florais, na manhã de 2 de outubro de 2021.
O encontro teve uma liga inegável. Afinal, yoga, meditação e os florais colaboram para que a gente se perceba com maior consciência, requisito fundamental para que possamos exercer o livre-arbítrio e escolher nos libertar no que nos aprisiona, seja um estado mental, um sentimento, uma memória dolorosa ou uma situação concreta que nos traumatizou.
A temática da liberdade, aliás, era muito cara ao Dr. Bach, tanto que ele escreveu o livro “Liberte-se”. A máxima extraída da obra é: “Para ter liberdade, dê liberdade”. “Uma das coisas de que você precisa para se sentir livre é dar liberdade aos outros. Porque se você precisa ficar vigiando para ver se o outro vai se comportar do jeito que você quer, você se amarra também”, explica Luciana.
A verdadeira prisão é a nossa mente
Na visão da terapeuta, um dos convites desta fase atual é olharmos para o que a liberdade significa para cada um de nós. Quanto cada ser humano, na sua particular constituição, precisa voar ou não? E, como ilumina o yoga, esse voo é interno ou externo?
“Para o yoga, a verdadeira liberdade é a liberdade do pensamento, porque ele pode nos dar ou tirar liberdade em questão de segundos. De repente, surge um pensamento que nos confina na lembrança de algo ruim, ou entre as paredes apertadas das emoções, e o nosso semblante muda”, expõe Sandro.
Inclusive, ele partilhou uma história real que ilustra bem esse ponto. Nos anos 1970, em plena ditadura militar, Sandro ministrou aulas de yoga na penitenciária feminina do Carandiru, localizada na zona norte da capital paulista. Tempos depois, uma presa política o procurou em sua escola para agradecê-lo pelo aprendizado daqueles anos e por suas descobertas interiores: “Percebi que a prisão maior não era o Carandiru e sim os meus pensamentos”, ela lhe revelou.
Durante a pandemia, grades invisíveis imobilizaram muitos de nós, evidenciando, por um lado, como o confinamento pode trancafiar a mente em estados ameaçadores e, por outro, como o autocuidado se apresenta como um resgate ao alcance de qualquer um. “Os pensamentos negativos tolhem a liberdade da pessoa de várias maneiras, por exemplo, de se sentir potente ou de trocar afeto. Quando um aluno chega com queixa de ansiedade, por exemplo, é porque houve uma fermentação grande desses conteúdos. Então, o yoga começa a acalmar a respiração, uma vez que ela está intimamente ligada ao ritmo mental”, esclarece Sandro. É aí que uma fresta começa a se abrir, deixando o ar e a luz entrarem em nosso ser.
Visitando sentimentos escondidos
A reconexão consigo mesmo pode perfeitamente ser associada ao uso de florais. Se isto acontecer, a tendência é que se tenha mais clareza do que ocorre em nossas partes mais profundas e, em geral, veladas. “Eu só consigo cuidar de alguma coisa se tenho consciência de que ela existe. Eu só consigo cuidar do meu medo se o reconheço, senão ele vai me comandar, vai tolher minha liberdade 24 horas por dia”, alerta Luciana. Conheça os florais que auxiliam no enfrentamento dos nossos medos.
Nesse ponto de virada rumo a dias mais livres, destaca a terapeuta, passamos a pensar, a agir e a nos sentir de outras formas, ainda que seja uma percepção sutil. Essa é a beleza da transformação que aflora lá de dentro. “A gente começa a se expandir em relação a tudo o que nos foi ensinado na educação convencional”, ela vibra e acrescenta: “É libertador perceber que, com a ajuda das práticas integrativas, podemos encontrar meios para lidar com o que nos aflige e transformar o que nos aprisiona”.
O yoga e a meditação oferecem ferramentas que vão do plano mais físico até a dimensão mais sutil, por isso dialogam tão bem com os florais. Eles podem ajudar nessa fase pós-pandemia não só porque oferecem sequências específicas de posturas e exercícios respiratórios que fortalecem a imunidade e arejam os pulmões, mas também porque criam as condições favoráveis para o praticante tomar contato com o que se passa em seu mundo interno.
“Qual é a minha atitude ao fazer yoga, exercícios respiratórios, meditação? O quanto eu posso perceber o medo, por exemplo? As pessoas não se dão conta, às vezes, do quão terapêutico é perceber suas emoções”, salienta Sandro, que complementa: “Nesses instantes de prática você já está se tratando com um remédio natural, porque não está alimentando pensamentos que fazem você sofrer e tiram a energia do seu corpo. São instantes poderosos, simples assim”. Conheça a vivência de meditação “Lidando com o Medo”, ministrada por Sandro Bosco.
Como conviver com escolhas diferentes das nossas
Como sabemos, a vacinação, responsável por barrar a proliferação do coronavírus, não é obrigatória. Em nosso país, prevaleceu a liberdade de escolha. Com isso, pessoas vacinadas estão convivendo com as que evitaram a imunização, por uma série de razões. Como lidar com essa divergência uma vez que a saúde coletiva está em questão? Mais que isso: como conviver civilizadamente com pessoas próximas que fizeram escolhas diferentes das nossas?
“A gente tem que respeitar quem não quer se vacinar, o pensamento diferente. E vice-versa. É uma escolha. Nesse caso, com implicações coletivas. Contudo, em momento algum a gente não pode perder de vista o livre-arbítrio e suas consequências, porque ele nos faz humanos”, opina Luciana.
Sandro segue a mesma linha de pensamento e lembra que a prática de yoga preconiza a integração do todo. Portanto, vacinados e não vacinados fazem parte da unidade da vida no universo. Não há como excluir um em detrimento do outro. Assim como o próprio vírus é mais uma forma de vida existente entre nós.
Como lembra Luciana, o livre-arbítrio está na medula da terapia proposta por Dr. Bach. Ora, se os florais contêm uma informação que o nosso corpo consegue detectar e processar, cabe a nós escolher: uso ou não essa informação? Por exemplo, aceito ser mais corajosa ou decido continuar com medo? Tomo a vacina ou não? Fico na gaiola ou atravesso a portinha que já está aberta? Quanto mais clareza houver nessas respostas, melhor para todos nós.
Gostou do assunto? Então, saiba como a aromaterapia pode colaborar para a expansão da liberdade.