Autoconhecimento: por fora e por dentro

A gestora de imagem Flávia Apolinário explica nesta entrevista como o entendimento do próprio corpo, as roupas e cortes de cabelo mais adequados a cada um e a mudança na aparência podem ser a porta de entrada para o autoconhecimento

Flavia quebra os paradigmas do que se deve ou não usar. Segundo ela, o mais importante é a autoaceitação. Flávia ensina também, no quadro, ao final da entrevista, como descobrir o seu tipo de corpo e as roupas que mais se harmonizam com você.

O que é gestão de imagem?

Há dois tipos de gestão de imagem: a que trabalha com produto e a que trabalha com pessoas, que é a que eu faço. Eu criei um método, que ensino nos meus cursos, e ele não trabalha somente com a imagem da pessoa. Normalmente, quando as pessoas fazem consultoria de imagem, elas mexem somente com a imagem da pessoa e a meu ver isso é uma coisa que não dura. Eu sinto que você tem que ensinar a pescar e não dar o peixe.

Como assim?

Eu trabalho com a autoaceitação, para ajudá-la a se descobrir, a se conhecer melhor. O legal de usar a consultoria de imagem nesse processo de autoconhecimento é que primeiro as pessoas vão entrando em contato com a parte de fora delas, que é mais fácil de lidar porque mudar fora é fácil. Eu vou lá e mudo o cabelo, o estilo e pronto! Mas mudar dentro exige mais. Começando por fora, se tocando ao medir o próprio corpo, olhando para o seu tipo de corpo, descobrindo quais roupas se harmonizam melhor, o seu tipo de rosto, de cabelo, fica mais fácil entrar no universo interior. Ajuda a olhar para dentro. Com isso, a imagem é só um pedacinho, menos de 1% do que eu trabalho é moda.

O que dificulta as pessoas a entenderem quais roupas e cortes de cabelo mais as valorizam?

Eu penso que ninguém pode chegar em alguém e dizer: “você está mal vestida, esse corte de cabelo não está bom em você”. O mais importante é ela se sentir bem com ela mesma. Eu acredito que nos martirizamos quando pensamos: o que o outro está pensando de mim? A falta de autoaceitação vem muito de se comparar ao outro. Por que a meditação é tão importante? Porque é quando as pessoas se escutam. Mas por que é tão difícil das pessoas fazerem? Porque elas não querem ficar com elas mesmas. Se você não quer ficar com você mesmo imagina o tipo de pessoa que você vai atrair para a sua vida.

Então não existe certo e errado na maneira de se vestir e ou de ter um certo tipo de corte de cabelo?

Não existe certo e não existe errado, existe você se sentir bem. Não existe algo assim: “Uma gordinha não pode usar roupa apertada”. Se ela está feliz, por que ela não pode usar? No meu livro O Despertar da Sua Imagem e no meu curso eu ensino a harmonizar a sua imagem.

O que exatamente você quer dizer com “harmonizar uma imagem”?

Deixá-la mais limpa, mais clean. Por exemplo: a menina que tem o corpo ampulheta se ela usa uma roupa reta, que tira a marcação da cintura, pode passar a imagem que seu corpo é maior do que realmente é e se ela usar uma roupa acinturada vai valorizar as formas dela. Harmonizar é ajudar você a trazer as formas que você quer. Outro exemplo: uma mulher que é retangular e quer aumentar o bumbum, coloque uma saia mais vazada.

Diferentes desenhos de corpo

Qual o desenho do seu corpo?

A partir da sua experiência profissional, você percebe que a felicidade mora fora ou dentro?

Mil por cento dentro. Eu já tive clientes lindas, maravilhosas, mas que não se amam, que fazem sexo com a luz apagada por causa de uma celulite. Elas não se gostam. Tem gente que nem tem uma beleza dita como padrão e os homens babam. Porque ela é uma pessoa que está bem com ela mesma. Precisamos entender que temos corpos diferentes. Tem mulher que tem o osso mais largo, então, ela não vai ter a “finura” da Gisele Bundchen. É saber entender o seu corpo e aceitá-lo, ele vai chegar até um determinado ponto.

No O Despertar da Sua Imagem eu falo sobre isso, por exemplo, sobre a questão da cirurgia plástica. Não que eu seja contra, mas saiba por que você está fazendo essa cirurgia. “Só vou ser feliz quando eu colocar silicone nos seios”. Será que é isso mesmo que está te deixando infeliz? Quem disse que seus seios não são lindos do jeito que são? Não é o silicone que te traz felicidade, é você com você mesma. Nós somos perfeitos, não existe imperfeição. Somos seres únicos. Tem que se juntar dois DNAs superdiferentes para nos gerar. Então, você é a perfeição desses dois DNAs: nasceu você.

Na apresentação do O Despertar da Sua Imagem você diz que muita gente não enxerga a sua própria beleza. Você pode falar um pouco sobre isso?

Veio de mim. Desde pequenininha eu me achava muito feia. Não sei se pelo fato que eu estudei num colégio que só tinha loirinha, de cabelos lisinhos e eu sofria muito bullying e eu acreditava muito naquele bullying. E também porque minha avó, que eu vi uma vez na vida, falou que eu era horrorosa, e uma tia que dizia: “O seu nariz é muito grande, mas depois você faz uma plástica nele”. Depois que ela falou aquilo eu não queria mais sair em foto, ficava tampando o nariz, tinha vergonha. Eu agradeço até hoje por não ter feito nenhuma plástica porque se eu tiro esse nariz eu perco quem eu sou. Eu viro mais um nariz igual a muitos. Esse é meu e está ótimo! Eu amo meu nariz, eu amo meu cabelo, eu amo o meu corpo.

E foi engraçado porque 30 anos se passaram e eu fui ver umas fotos minhas de infância e eu disse: “Meu Deus, mas eu era uma criança linda, por que falavam que eu era uma criança feia?”. Eu comecei a chorar.

Desde os 23 anos minha autoestima já tinha melhorado bastante, graças a minha ida para Londres onde eu aprendi muito sobre tudo e comecei a trabalhar com gestão de imagem. Com a minha ONG, eu descobri que os pais se preocupam muito com os filhos usarem drogas e engravidar e eles se esquecem que tudo isso vem da falta da autoaceitação. Falta de autoaceitação gera carência, carência gera uso de drogas. Meninas que têm carência acham que transando vão ter um certo tipo de amor.

Flávia, por favor, fale um pouco mais sobre o seu curso Gestão de Imagem.

O curso é de dois dias, das 10h às 17h30. Já a versão resumida em formato palestra, no geral é feita em seis dias. Faço separado para homens e mulheres porque percebo que ambos ficam tímidos. É em grupo, procuro fazer bem diversificado, com idades diferentes. Começamos com a antropometria, que é a medição dos corpos, para saber que tipo de corpo você tem hoje (veja quadro no final da entrevista).

Disso a gente vai para estilos, é feita uma análise de personalidade para ver os estilos, onde as pessoas começam a refletir se elas realmente estão onde elas querem estar na vida delas. Já tive uma cliente advogada que não tinha o estilo de uma advogada e o sonho dela era abrir uma clínica de estética. Depois, ela realmente abriu. Depois, vamos para o visagismo, onde se mede o rosto, entende o próprio rosto, que óculos fica legal, tipo de corte de cabelo,… Em seguida, fazemos a análise cromática para descobrir quais cores ficam legais em cada um.

Disso, parto para falar de geometrias, como usar, alongar e diminuir silhueta, aumentar e diminuir peito, … E, depois vamos para etiquetas. E etiqueta para mim é: não faça aos outros o que você não quer que façam com você. Essa é a maior etiqueta. E depois falo de etiqueta à mesa, nas reuniões, nas redes sociais, em conversas por e-mail e celular… Da etiqueta, começamos a falar sobre as questões internas, como o empoderamento da mulher, medos, perdão, lutar pelo que ela acha necessário, aqui ela começa a trabalhar as questões internas dela.

Daí vamos trabalhar para potencializar o que ela já tem de bom, falamos sobre biohacker, que é você descobrir o que te faz bem e o que te faz mal, desde o que você come, quantas horas de sono até o que você pensa. E depois falo sobre o high states que é você vir para o hoje, para o agora, não perder tempo. Procrastinar todo mundo procrastina, mas quanto tempo você fica na sua procrastinação?

Em seguida, vamos para o upcycling, algo que o meio-ambiente ia demorar muito para se desintegrar e você transforma em algo novo. Depois que conheceram seu corpo, descobriram o que fica bem para o que ela acredita, a cor e tudo mais, elas podem trazer as roupas que não usam para dar para as outras pessoas do grupo ou transformar em outra coisa. Na sequência falamos sobre roupa íntima, porque ela também ajuda na construção do corpo. E, no final, passamos para as últimas dicas: agora que você aprendeu isso tudo o que você vai fazer com este conhecimento?

Para finalizar, o que é se vestir superbem?

Você pode estar pelada, bater no peito e falar: “Bom dia, que dia maravilhoso!”.

O seu corpo. Aprenda com a gestora de imagem, Flávia Apolinário, a descobrir o seu tipo de corpo e as roupas que melhor se harmonizam a você.

“Com uma fita métrica maleável, meça a circunferência dos seus ombros, cintura e quadril, e o comprimento da perna (do osso da bacia aos pés). Com essas medidas, veja abaixo em qual tipo de corpo você se encaixa melhor e quais tipos de roupa te deixam ainda mais bonita:

Tabela de corpos

Flávia Apolinário

Flávia Silva Apolinário

Formada em Publicidade e Propaganda, pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, em Relações Públicas pelo Mary Center, de Londres, pós-graduada em Consultoria de Imagem e Estilo na Faculdade Belas Artes, de São Paulo, e personal professional coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching.

Autora dos livros O Despertar da Sua Imagem e do romance Georgia Aprende a Amar (ambos são produção independente).

Autoestima, autoaceitação e autoconhecimento são também alguns dos principais alicerces do seu trabalho com os adolescentes atendidos na sua ONG ( que leva o seu nome e trabalha em conjunto com o Projeto Arrastão), e também do seu curso Gestão de Imagem e Mindset.

CONTATO:contato@flaapolinario.com; www.flaapolinario.com; Instagram: @flaapolinario

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